Estudo destrói discurso do novo ministro da Educação: maltrato infantil aumenta risco de doenças cardíacas

Investigação da Escola de Medicina de Bristol (Reino Unido) é liderada por uma cientista brasileira e mostra que o maltrato sofrido durante a infância faz com que seja mais frequente a aparição de problemas cardiovasculares durante a vida adulta

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Uma investigação da Escola de Medicina de Bristol (Reino Unido), que monitora a saúde de pessoas adultas que sofreram diferentes tipos de maltrato físicos e psicológicos durante a infância, concluiu que elas estão mais sujeitas a sofrer com problemas cardiovasculares que aquelas que tiveram uma infância livre de agressões.

Segundo os investigadores foram analisados os casos de 89 mil mulheres e 68 mil homens, entre 40 e 69 anos, que apresentaram diferentes tipos de problemas circulatórios e doenças cardíacas. Os registros, indicaram que, entre as mulheres, as que sofreram maltrato apresentam um risco 50% de desenvolver uma cardiopatia, enquanto entre os homens, o risco aumenta em 20%.

Entre os problemas cardiovasculares mais detectados entre os pacientes monitorados estão a hipertensão arterial, cardiopatia isquêmica e doenças cerebrovasculares. O estudo também mostra que não há grandes variações entre os tipos de maltrato sofrido – por exemplo, pessoas que sofreram apenas castigo físico ou emocional apresentaram o mesmo risco que pessoas que sofreram abusos sexuais, abandono ou negligência.

Quem lidera a investigação é uma pesquisadora brasileira, a Doutora Ana Luiza Gonçalves Soares. Segundo ela, “este estúdio é particularmente importante, porque ajudaria os médicos a identificar mais rapidamente as pessoas em risco e atuar na prevenção dessas doenças cardiovasculares”.

A conclusão do estudo contraria o discurso do novo ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro, o pastor Milton Ribeiro, defensor do castigo físico a crianças como método de ensino.

Em vídeo chamado “A Vara da Disciplina”, publicado no canal da Igreja Presbiteriana Jardim da Oração há cerca de quatro anos, ele afirma que é preciso “deixar marcas” nos filhos.

“Não dá para argumentar de igual para igual com criança, senão ela deixa de ser criança. Deve haver rigor, severidade. Vou dar um passo a mais, talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim: deve sentir dor”, declara o pastor.