Evo Morales afirma que militares preparam novo golpe de Estado na Bolívia, com apoio dos EUA

Ex-presidente, derrubado pelos mesmos militares, em novembro de 2019, denunciou em entrevista que a direita quer evitar a realização de uma nova eleição, devido ao favoritismo do candidato da esquerda segundo as pesquisas

Evo Morales (foto: Página/12)
Escrito en GLOBAL el

O ex-presidente boliviano Evo Morales (2006-2019) denunciou que um “novo golpe de Estado” está sendo engendrado em seu país, para aumentar os poderes do governo ditatorial de Jeanine Áñez e evitar que a esquerda regresse ao poder no país, cenário provável caso aconteça uma nova eleição.

Segundo o líder indígena, que vive atualmente em Buenos Aires, após asilo político recebido pelo governo de Alberto Fernández, o principal articulador do golpe que está sendo preparado pelo general Sergio Orellana, atual comandante das Forças Armadas, pelo economista Óscar Ortiz, ministro da Economia do governo de Áñez.

“Está se confeccionando um novo golpe de Estado na Bolívia, cujo plano foi encarregado a Ortiz e Orellana, que têm a missão de consolidar uma aliança entre civis e militares. Os Estados Unidos também participam, oferecendo o material bélico necessário para controlar as regiões de El Alto e Chapare, onde eles sabem que haverá mais resistência”, explicou Morales, em suas redes sociais.

As pesquisas eleitorais mais recentes mostram que o candidato da esquerda, Luis Arce, que concorre pelo MAS (Movimento Ao Socialismo, partido de Morales), é o favorito para vencer as eleições marcadas, por enquanto, para o dia 6 de setembro. Ele tem mais de 40% das intenções de voto (43%, mais precisamente), e mais de 10 pontos de vantagem para o segundo colocado (Carlos Mesa, que aparece com 26%).  Com esses números, pela lei eleitoral boliviana, ele seria eleito no primeiro turno, se a eleição fosse hoje.

Após o golpe de Estado de novembro de 2019, as Forças Armadas da Bolívia impuseram como nova presidenta a senadora Jeanine Áñez, que era vice-presidenta do Senado – a presidenta, Adriana Salvatierra, assim como Evo Morales, foi obrigada a renunciar.