Evo Morares: “Embaixada do Brasil participou do golpe contra o meu governo”

Em entrevista para um jornal argentino, o ex-presidente da Bolívia também assegurou que “Bolsonaro é quem trabalha regionalmente para satisfazer os interesses dos Estados Unidos”

Evo Morales (foto: Página/12)
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O jornal argentino Página/12 publicou nesta segunda-feira (8) uma entrevista com o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, na qual ele acusa a Embaixada do Brasil em La Paz de participação no golpe de Estado que ele sofreu em novembro de 2019.

Morales foi reeleito para um terceiro mandato em outubro daquele mesmo ano, mas a oposição alegou que houve fraude e, com o apoio das Forças Armadas e de um relatório questionável da OEA (Organização dos Estados Americanos), promoveu um golpe para tirá-lo do poder.

Na entrevista, Morales afirma que, além do apoio dos Estados Unidos, os golpistas também contaram com a colaboração do governo de Jair Bolsonaro.

“A Embaixada brasileira esteve em constantes reuniões com (Carlos) Mesa, (Jorge) Quiroga e (Luis Fernando) Camacho, os principais líderes do golpe, no mesmo dia 10 de novembro e também nos dias seguintes, também havia representantes diplomáticos brasileiros na reunião realizada na Universidade Católica, que foi onde decidiram que Áñez (Jeanine Áñez, atual ditadora do país) seria colocada na presidência”, comenta o ex-presidente.

Além disso, Morales também disse que “Bolsonaro não foi o líder disso, ele trabalha para os interesses do Donald Trump na região, obedece as ordens dos Estados Unidos. É ele que lidera o processo de desmantelamento das estruturas multilaterais no continente, CELAC (Comunudade de Estados da América Latina e do Caribe), Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Mercosul e outras, para atender às diretrizes da Casa Branca”.