Fernández amplia quarentena e acusa Bolsonaro de “falta de seriedade” no combate à pandemia

Presidente argentino disse que “está muito preocupado com a situação do coronavírus no Brasil, porque o governo não está encarando o problema com seriedade e essa crise (brasileira) pode acabar cruzando a fronteira”

Alberto Fernández e Jair Bolsonaro (foto: reprodução Twitter)
Escrito en GLOBAL el

Na noite deste domingo (26), ao anunciar a ampliação da quarentena no país até o dia 10 de maio, o presidente argentino Alberto Fernández abordou outra preocupação que sua gestão tem com respeito à pandemia do coronavírus, que é a forma como o governo brasileiro vem tratando a questão.

Fernández evitou citar o nome de Jair Bolsonaro, mas foi bastante claro em sua opinião sobre como o país vizinho lida com a crise de saúde. “Me preocupa muito a situação do Brasil porque não acho que o governo brasileiro esteja enfrentando o problema com a seriedade que o caso requer. Digo isso, sinceramente”, afirmou, em entrevista ao canal de televisão C5N.

A preocupação do presidente argentino surgiu, sobretudo, de conversas com governadores de províncias que fazem fronteira como o Brasil. “Tive uma conversa com todos os governadores por videoconferência. O governador de Misiones (província que faz fronteira com o Paraná e Santa Catarina) expôs com toda clareza a sua preocupação porque as províncias de Misiones e Corrientes (fronteira com o Rio Grande do Sul) são caminho de entrada de muitos camiões de carga que vêm de São Paulo, que é o foco de infecção é altíssimo”, explicou.

No entanto, Fernández também disse que “gosta muito do povo brasileiro”, mas que está preocupado porque “estamos fazendo um grande esforço para impedir que o vírus se espalhe pela Argentina, e isso inclui tomar medidas em uma fronteira que, neste momento, nos parece preocupante”.

A ampliação da quarentena na Argentina contará com menos restrições, que as que vinham sendo mantidas até este domingo, e algumas atividades econômicas consideradas “não essenciais” poderão voltar ao trabalho, especialmente nos ramos da construção civil e dos transportes. Ainda assim, a grande maioria das atividades continuará paralisada.

A Argentina tem, até o momento, 3,9 mil contagiados e 192 mortes, enquanto o Brasil já soma mais de 61 mil contagiados e 4,2 mil mortes. Enquanto o presidente brasileiro Jair Bolsonaro sofre críticas e perde popularidade com a gestão da crise, a do argentino só aumenta, e já supera os 90% na maioria dos institutos de pesquisa.