General chileno compara repressão com quimioterapia: “às vezes se mata células boas tentando matar as ruins”

O alto oficial, que é comandante da polícia militarizada chilena na cidade de Santiago, também afirmou que a sociedade em seu país está “doente”, e comparou a situação com um câncer

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Os 35 dias seguidos de manifestações começam a causar efeitos colaterais na cabeça de algumas autoridades do Chile. Uma delas é a do general Enrique Bassaletti, um dos principais comandantes dos Carabineros (polícia militarizada) de Santiago. Em uma entrevista para canais de televisão, concedida na manhã desta sexta-feira (22), Bassaletti tentou explicar a razão do uso de armas de fogo letais durante as manifestações, e expôs sua longa teoria de que o país enfrenta uma forte doença social, que para ele é como um câncer. “Farei uma analogia que não sei se é tão adequada, mas vou dizer mesmo assim. Nossa sociedade, nestes últimos dias, está doente, com uma doença grave. Suponhamos que seja um câncer, tomara que não seja, e que tenha solução, tem que ter (uma solução). Mas o tratamento para o câncer se faz com quimioterapia, em alguns casos, e com radioterapia em outros. Quando se busca solucionar esse problema, ao usar essas ferramentas médicas, às vezes se mata células boas tentando matar as ruins, que é o mesmo risco ao qual estamos submetidos quando ao usar ferramentas como as armas de fogo”, comentou o general. (https://twitter.com/FelipeOvalle/status/1197839420906491904) Minutos depois, o general tentou corrigir a declaração, assegurando que, apesar das denúncias por violações aos direitos humanos denunciadas por diferentes entidades, a ação policial durante as manifestações visa “defender o patrimônio público e a vida dos próprios policiais, que também é muito importante, embora nem todos as valorizem, e isso se faz respeitando todos os protocolos que visam o respeito à integridade das pessoas”.