Italianos realizam eleições locais olhando para 2018

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Com o resultado desastroso do Movimento 5 Estrelas, a "bipolaridade" das alianças lideradas por Renzi-Berlusconi volta ao cenário político e deve ser a tendência para 2018 Por Vinicius Sartorato*, colaborador da Rede Fórum de Jornalismo  República parlamentarista, com uma população de pouco mais de 60 milhões de habitantes, a Itália é a oitava potência econômica mundial e a quarta européia. Com sua próxima eleição geral marcada para acontecer daqui 11 meses (20/5/2018), o país tem visto os ânimos e as movimentações políticas crescerem. Dentre os temas centrais: economia, imigração, União Européia e o Estado de Bem-Estar Social. No último fim de semana aconteceu uma importante batalha: a eleição de mais de mil prefeitos por todo território, considerando 21 capitais de províncias e 4 capitais de regiões (equivalente a estados no Brasil), um importante teste para as forças políticas para 2018. Com um sistema multipartidário, que compreende cerca de 30 agremiações nacionais e regionais, as duas casas parlamentares (a Câmara e o Senado) possuem 6 partidos maiores, que em 3 alianças concentram o maior número de parlamentares. Com esse quadro definido nas eleições gerais de 2013, temos a aliança governista e dois pólos de oposição. Neste sentido, só para ilustrar, a aliança governista, encabeçada pelo Partido Democrático (PD), de Matteo Renzi – ex-Primeiro-Ministro, reúne partidos que vão da centro-esquerda até à centro-direita, enquanto as duas alianças de oposição são a encabeçada pelo partido Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, que também é ex-Primeiro-Ministro e lidera agremiações que vão da centro-direita à extrema-direita, e o terceiro pólo, liderado por um partido chamado Movimento 5 Estrelas (M5S), um partido populista, que mescla elementos de esquerda e direita. Seguindo essa configuração, os partidos líderes dessas 3 alianças procuraram reafirmar suas posições disputando prefeituras e o resultado do 1º turno do pleito trouxe à tona algumas constatações. 1) O pólo liderado pelo M5S, agremiação liderada pelo comediante Beppe Grillo, ficou de fora da disputa de todas cidades importantes, atingindo menos de 10% dos votos. 2) a "bipolaridade" das alianças lideradas pelos partidos de Renzi-Berlusconi no período anterior a 2013 parece ter retornado com força, tendo ambas atingido cerca de 30% dos votos e disputando o 2º turno (25/6/2017) em mais de vinte capitais. Em síntese, essa "bipolaridade" das alianças de centro-esquerda e centro-direita deve ser a tendência para 2018. Apesar disso, não se trata de algo imutável, havendo muitas contradições nos dois campos. À direita, o líder do partido de extrema-direita em ascenção "Liga Norte" , Matteo Salvini, busca manter aliados moderados e ocupar o lugar de Berlusconi com 80 anos. Por outro lado, no campo governista, a liderança de Matteo Renzi também é contestada, porém mais do que no aspecto pessoal, pela efetividade das políticas do Governo do seu partido no poder desde 2013. E, por fim, a grande dúvida recai sobre o terceiro pólo enfraquecido (M5S), agora “fiel da balança”. Será que haverá uma recuperação? Ou apoiarão a direita em 2018? *Vinicius Sartorato é sociólogo, mestre em Políticas de Trabalho e Globalização (Universidade de Kassel, Alemanha) Foto: Il Sole