Mentor do clã Bolsonaro, Steve Bannon é indiciado em investigação sobre invasão do Capitólio

Ex-estrategista de Trump, Bannon pode voltar para a prisão caso seja condenado nas investigações sobre a invasão do Capitólio. Em 2020, ele foi preso por fraude quando estava em um iate do bilionário chinês Guo Wengui

Bolsonaro observado por Bannon em março de 2019 nos EUA. Foto: Alan Santos/PR
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Ex-estrategista de Donald Trump e mentor de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na aliança internacional de ultradireita O Movimento, Steve Bannon foi indiciado por desacato ao Congresso dos EUA, após ter recusado a testemunhar e a entregar documentos sobre os ataques ao Capitólio em 6 de janeiro.

Segundo a BBC Brasil, a denúncia foi apresentada pelo procurador-geral Merrick Garland e acatada por uma corte federal.

Caso Bannon seja condenado nas duas acusações de desacato - por não testemunho e pela recusa na entrega de documentos - ele pode voltar para a prisão por até um ano, além de pagar multa de US$ 100 a US$ 1000 (de R$ 545 a R$ 5,4 mil, aproximadamente).

Comissão que investiga o caso havia convocado e cobrado informações de Bannon, que é suspeito de ser um dos líderes da invasão ao Capitólio, sede do legislativo americano em Washington D.C.

A invasão ocorreu dias antes da certificação da vitória de Joe Biden. Negando a derrota nas eleições, apoiadores de Trump invadiram o local . Cinco pessoas morreram em decorrência dos conflitos e mais de 670 foram acusadas na Justiça por envolvimento na invasão.

O advogado de Bannon havia justificado o não cumprimento das solicitações do Congresso afirmando que o sigilo do conteúdo da comunicação com presidentes como Trump é protegido pelo "privilégio executivo".

Bannon já foi preso por fraude

A primeira prisão de Bannon aconteceu em 20 de agosto de 2020.

Acusado de fraude na campanha “We Build the Wall campaign” – “Nós Construímos o Muro”, em tradução livre -, que teria arrecadado 25 bilhões de dólares para construção do muro na fronteira entre EUA e México, Bannon foi preso a bordo de um iate de 28 milhões de dólares que pertence ao bilionário chinês Guo Wengui, que se refugiou nos EUA após ser acusado de corrupção, suborno, sequestro, lavagem de dinheiro e estupro pelo governo da China.

Segundo a denúncia, "os réus fraudaram centenas de milhares de doadores, capitalizando seus juros em financiar um muro de fronteira para arrecadar milhões de dólares, sob a falsa pretensão de que todo esse dinheiro seria gasto em construção”.

“Lula é o esquerdista mais perigoso do mundo”

Em encontro entre lideranças radicais ultraconservadoras em agosto deste ano, Steve Bannon disse que “Bolsonaro enfrentará o esquerdista mais perigoso do mundo, Lula”.

O evento, realizado no Estado da Dakota do Sul, um dos maiores redutos eleitorais de Trump, foi organizado pelo empresário Mike Lindell, apontado como um dos maiores financiadores e divulgadores de teorias conspiratórias durante a gestão do ex-presidente republicano, derrotado pelo democrata Joe Biden quando disputava a reeleição, no ano passado.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) participou do encontro e foi reverenciado por figuras da extrema direita norte-americana, sendo chamado inclusive por Bannon de “terceiro filho de Trump nos trópicos”.

No evento, Eduardo voltou a insistir na tese de fraude nas eleições e repetiu a já batida cantilena de que é necessário a impressão dos votos para que o pleito possa ser auditado, ignorando o fato de que isso já é possível e assegurado pelo modelo eletrônico atual.