Monarquista espanhol acusa Hugo Chávez, falecido em 2013, de conspirar contra o rei foragido Juan Carlos I

Para o jornalista Luis María Ansón, o rei emérito, acusado de corrupção e por escândalos sexuais, é, na verdade, vítima de uma trama montada pelo ex-presidente venezuelano, e que só veio à tona 7 anos após a sua morte

Hugo Chávez e Juan Carlos I (foto: El Economista)
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As investigações contra o rei emérito da Espanha, Juan Carlos I, são o tema mais comentado da Espanha no momento, e colocam o sistema monarquista do país em xeque como nunca se havia visto nos 42 anos desde o fim da ditadura franquista no país.

Porém, há quem ainda defenda a monarquia, e com argumentos dos mais pitorescos. É o caso do veterano jornalista Luis María Ansón, articulista conhecido por suas posições ultraconservadoras, para quem os problemas vividos agora pelo ex-monarca são obra de ninguém menos que Hugo Chávez. Um argumento que esbarra no fato de que o líder da Revolução Bolivariana na Venezuela faleceu há 7 anos.

Em entrevista para um canal de televisão de Madri, na manhã desta quinta-feira (6), Ansón assegurou que as contas secretas em nome de Juan Carlos I em bancos da Suíça, os documentos descobertos provando que essas contas recebiam dinheiro de propina por obras de empresas espanholas na Arábia Saudita e os diversos escândalos sexuais envolvendo o rei emérito foragido (alguns deles conhecidos desde antes de Chávez ter assumido o poder na Venezuela), tudo isso é uma conspiração chavista para se vingar do dia em que Juan Carlos disse “por que você não se cala”, em uma cúpula de líderes ibero-americanos realizada em Santiago do Chile, em novembro de 2007 – na ocasião, o líder bolivariano respondeu chamando Juan Carlos de “fascista”.

Pela tese do jornalista, Chávez preparou uma conspiração tão brilhante que só veio à tona 13 anos depois do incidente no Chile e inclusive 7 anos após a sua própria morte, em março de 2013.

Outro elemento interessante da teoria conspiratória de Ansón é que ele também acusa Chávez de fabricar os escândalos sexuais envolvendo Juan Carlos, embora existam registros jornalísticos sobre suas possíveis amantes desde o final dos Anos 80, quando o líder bolivariano sequer era figura pública em seu país.

“Chávez mobilizou muito dinheiro para fazer uma operação contra o rei, e isso provocou uma reação de Hugo Chávez, com bastante precisão, e que estamos vendo hoje”, afirmou o jornalista.

Embora o rei emérito Juan Carlos I ainda seja considerado foragido em termos oficiais, grande parte dos meios da imprensa espanhola já dão como certo o fato de que ele está na República Dominicana, hospedado na mansão dos empresários cubanos anticomunistas Alfonso e Pepe Fanjul, donos de uma das maiores produtoras de açúcar do mundo. As autoridades dominicanas não confirmam, mas tampouco desmentem essa informação.

Princesa Cristina

Além disso, Ansón também acusa Chávez de ser responsável pelo processo por corrupção envolvendo a princesa Cristina e seu marido, Iñaki Urdangarin, cuja sentença, em 2017, determinou a absolvição da filha de Juan Carlos e a condenação do seu genro, que está na prisão desde então.

Em defesa da família real, o jornalista enfatiza que “as pessoas se esquecem que a princesa foi absolvida das acusações de corrupção, ninguém fala disso”, e ignora completamente o fato de que seu marido foi declarado culpado, e cumpre pena de 5 anos de prisão, por um esquema de lavagem de recursos públicos desviados para uma conta Belize, paraíso fiscal da América Central.

As declarações de Ansón geraram uma avalanche de reações entre os usuarios espanhóis do Twitter, e se tornaram trending topic no país europeu e até em alguns países latinos de língua espanhola.