Monsanto intimidou pesquisadores sobre câncer por glifosato, agrotóxico liberado por Bolsonaro

Arquivos divulgados por um escritório de advocacia mostram que a multinacional orientou legisladores a reduzir o apoio à Agência Internacional de Pesquisa em Câncer

Protesto contra o agrotóxico Roundup, da Bayer (Reprodução)
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A Companhia Monsanto, multinacional de agricultura do grupo Bayer, sediado nos Estados Unidos e responsável por produzir o polêmico Roundup - herbicida potencialmente cancerígeno feito com glifosato, agrotóxico liberado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Brasil -  realizou diversos ataques políticos à Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) para barrar as pesquisas contra o uso do produto químico e retirar fundos da agência.
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As acusações contra a Companhia vieram a partir de diversos arquivos divulgados pelo escritório de advocacia Baum Hedlund, incluindo e-mails, documentos e transcrições de depoimentos da empresa. Os registros mostram que os advogados e lobistas da Monsanto  os legisladores, coordenando esforços para questionar a credibilidade da IARC e reduzir o apoio dos EUA ao organismo internacional.
Ainda, cada vez mais testemunhas afirmam que a Monsanto falhou em alertar os consumidores sobre os perigos do uso do Roundup e divulgou que o spray químico é inofensivo para os seres humanos, enquanto recomendava internamente que seus próprios funcionários usassem luvas e equipamentos de proteção. Atualmente, a Monsanto enfrenta 11 mil processos relacionados ao glifosato.
Em nota, a Bayer afirmou que leva a segurança de seus produtos e sua reputação a sério. "Trabalhamos para garantir que todos – de reguladores a clientes e outras partes interessadas – tenham informações precisas e equilibradas para tomar decisões sobre nossos produtos", concluiu.
O Roundup já rendeu bilhões de dólares em lucros anuais à Monsanto desde o início de sua comercialização, na década de 1970. No entanto, seu uso disparou nas últimas décadas desde que a Companhia desenvolveu milho geneticamente modificado e outras culturas que são resistentes a ele – o Roundup é hoje o principal herbicida do mundo.
Glifosato no Brasil
Em fevereiro deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez uma proposta no sentido de manter liberada a venda de glifosato no Brasil, já que, segundo avaliação do órgão, não haveria evidências científicas de que a substância cause câncer, mutações ou má formação em fetos. Na época, a empresa alemã Bayer, que adquiriu a Monsanto, fabricante do produto, rechaçou as acusações de que a substância seja cancerígena. Com informações do Intercept Brasil.