A morte de James Foley e uma nova guerra no Iraque?

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Após confirmação pelo FBI e pela Casa Branca da autenticidade do vídeo que mostra a morte por decapitação de jornalista, líderes europeus da Itália, França e Alemanha passam a apoiar nova intervenção militar no Iraque Por Vinicius Gomes "Eu acho que nós estamos na mais séria situação internacional desde 2001. Eu então proponho, a partir de setembro, uma iniciativa na segurança dentro do Iraque e na luta contra o Estado Islâmico", disse François Hollande, presidente da França. "A Europa deve estar em lugares como o Iraque, onde a democracia está em perigo", afirmou Matteo Renzi, primeiro-ministro da Itália. "A Alemanha pode agora imaginar um aumento no fornecimento de equipamentos e armas às forças curdas", cogitou Frank-Walter Steinmer, ministro das relações exteriores da Alemanha.

Essa foi a reação de alguns dos líderes europeus após a confirmação da autenticidade no vídeo que filma a decapitação de um jornalista norte-americano, nessa quarta-feira (20).

James Foley, 40, desapareceu em 22 de novembro de 2012, no noroeste da Síria, próximo à fronteira com a Turquia. Ele teria sido forçado por homens armados a entrar em um veículo. Nunca mais foi visto. Quase dois anos depois, um vídeo que foi divulgado nas redes ontem (19) mostrava um homem ajoelhado, de cabelo raspado e usando uma roupa laranja, parecida com a de um prisioneiro de Guantánamo. Ao seu lado está um homem encapuzado, empunhando uma pequena faca. Ao fundo, uma bandeira preta do Estado Islâmico do Iraque e Síria (Isis, sigla em inglês) tremula com o vento. O lugar é desértico, sem nenhuma vegetação à vista, apenas areia e mais areia. O homem ajoelhado é Foley e, após dizer – provavelmente forçado, apesar da serenidade – que seus “verdadeiros assassinos” eram os EUA, ele é degolado. O vídeo, então, termina com o homem encapuzado se dirigindo – com um sotaque britânico - ao presidente Barack Obama e ameaça assassinar outro jornalista,  cuja vida dependeria dele: “A vida desse cidadão [norte]americano, Obama, depende de sua próxima decisão”. O homem ajoelhado e vestindo um uniforme laranja, similar ao de Foley, seria Steven Joel Sotfloff, que havia sido sequestrado próximo a Aleppo, na Síria, em agosto do ano passado. A ameaça contra Sotfloff e a terrível morte de Foley é um ato de vingança por conta dos bombardeios que começaram em 8 de agosto. Já ocorreram pelo menos 77 ataques aéreos norte-americanos em alvos do Isis, ao norte do Iraque – incluindo postos de controle, veículos e arsenais. Ainda não é certeza quantos militantes foram mortos pelos ataques. Os EUA ainda não consideram o envio de tropas para o Iraque e, por isso, prefere fornecer apoio e envio de armas aos rebeldes do Curdistão, também ao norte do país. O método da morte de Foley relembra o de Daniel Pearl, correspondente do Wall Street Journal que foi sequestrado no Paquistão, em janeiro de 2002. Sua morte por decapitação também foi filmada e seus assassinos foram a Al-Qaeda, que também já assassinou da mesma maneira outros três norte-americanos no ápice da guerra no Iraque. Ironicamente, a própria Al-Qaeda considera os métodos do Isis cruéis demais e que recentemente fundaram o Estado Islâmico, que engolfa áreas sunitas do Iraque e da Síria. Após a divulgação do vídeo, a mãe do jornalista Foley pediu a libertação dos reféns das mãos dos jihadistas na Síria. "Nunca estivemos mais orgulhosos de nosso filho Jim. Deu sua vida tentando mostrar ao mundo o sofrimento do povo sírio. Imploramos aos sequestradores que perdoem a vida dos demais reféns. Como Jim, são inocentes e não têm controle sobre a política do governo americano no Iraque, na Síria, nem em nenhum lugar do mundo", escreveu Diane Foley no Facebook.