Na véspera da eleição, ex-militares uruguaios lançam ameaças por WhatsApp para atacar Frente Ampla

A mensagem é difundida por um tal “Comando Barneix”, e está acompanhada de uma citação bíblica. Também há indícios de que boa parte dessas mensagens tenham sido disparadas de usuários do Brasil.

Guido Manini Rios. Foto: Reprodução YouTube
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Uma corrente de WhatsApp vem sendo amplamente difundida em vários grupos uruguaios neste sábado (23), véspera do segundo turno presidencial, uma mensagem para exigir voto a favor do candidato de direita, Luis Lacalle Pou. A mensagem diz, entre outras coisas, que “todos temos que votar em Lacalle para presidente, apoiado pelo nosso comandante general do Exército Guido Manini Ríos. Sabemos quem são e contamos com o seu voto e da tua família para salvar a pátria. É uma ordem! As ordens se acatam, e quem não o fizer será um traidor. Sabemos como tratar os traidores. A única opção é ganhar. Antes cair de costas que de joelhos. Seguimos em contato. Aguarde novidades. Começamos a voltar”. A mensagem é difundida por um tal “Comando Barneix”, e está acompanhada de uma citação bíblica. Também há indícios de que boa parte dessas mensagens tenham sido disparadas de usuários do Brasil. O Manini Ríos citado no texto é o ex-comandante do Exército que foi exonerado pelo presidente Tabaré Vázquez em dezembro de 2018, por insubordinação. De lá para cá, ele criou seu próprio partido, o Cabildo Abierto, lançou sua candidatura presidencial e terminou o primeiro turno em quarto lugar, com 11%. Também é uma figura bastante ligada ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro, e esteve presente em Brasília durante a sua posse, em janeiro. Além da corrente, um artigo do jornal La Nación, ligado ao Clube Militar do Uruguai, publicou neste mesmo sábado uma mensagem parecida. “Quando o último dos governantes da Frente Ampla deixe o poder, veremos a esteira de vários crimes cometidos contra o passado e o futuro do país e nos lamentaremos uma e outra vez pensando como foi que permitimos tanta maldade impunemente por tanto tempo”, reza o texto difundido por periódicos que são financiados por diferentes instituições militares. O presidente do Centro Militar, Carlos Silva Valiente, disse que, embora não se trate de um comunicado oficial da instituição, a decisão de difundi-lo através de meios ligados à chamada “família militar” foi tomado por alguns de seus membros, após uma análise sobre o cenário das eleições. Além desse artigo, outros textos do La Nación se referam aos dirigentes da Frente Ampla como “delinquentes” e “corruptos”, e atacam todos os representantes da esquerda no país, advertindo que devem ser aplicadas “medidas implacáveis contra eles, uma vez que deixem o poder”.