O presente e o futuro da Total, petrolífera francesa, no Brasil e no mundo

De olho no futuro, a Total aposta em projetos de energia renovável e exploração em águas profundas em três grandes regiões – África, Brasil e Golfo do México – e com isso espera aumentar sua produção

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Por Rafael Rodrigues da Costa* Em 2018 a petrolífera francesa Total registrou lucro líquido de US$ 11,45 bilhões, um aumento de 33% em comparação com o ano anterior. A empresa atribuiu o desempenho ao aumento do preço do petróleo e da produção líquida de óleo e gás, em especial fora da Europa. De olho no futuro, a Total aposta em projetos de energia renovável e exploração em águas profundas em três grandes regiões – África, Brasil e Golfo do México – e com isso espera aumentar sua produção em 500.000 boe/d até 2025. Olhando para os números do último trimestre, nota-se que os ganhos da Total vieram principalmente do segmento de exploração e produção. Em informe de resultados, a empresa atribuiu o desempenho no ano ao aumento do preço do petróleo e da produção, de mais de 8% de hidrocarboneto e de 71% do segmento de exploração e produção. Batendo recordes de produção, a Total registrou em 2018 uma produção média de 2,77 milhões de barris de óleo equivalente por dia, número 8% superior à média em 2017. Os ganhos foram em grande parte atribuídos às novas start-ups de projetos e à aquisição dos ativos de petróleo e gás da dinamarquesa Maersk, que mais do que compensaram o declínio do campo natural da empresa, que é de 4%. No setor de gás, a empresa encerrou 2018 comprando todos os ativos de gás natural liquefeito da empresa de energia francesa Engie por US$ 1,49 bilhão. A aquisição fez da Total o segundo maior produtor e comerciante de GNL do mundo, atrás somente da Royal Dutch Shell. Outro segmento que merece destaque é o de refino e produtos químicos. A empresa conseguiu extrair mais do seu segmento de refino graças às altas taxas de utilização (88%) e à expansão da produção fora da Europa – em números, isso significa que embora o rendimento das refinarias europeias tenha caído aproximadamente 2%, no restante do mundo elas representaram um aumento de 12% em comparação ao ano anterior. No que se refere a projetos, a Total tem buscado focar seus esforços em projetos de “ciclo curto” nas holdings africanas existentes na Nigéria, Angola e República do Congo. Com o arranque do campo de Egina, na Nigéria, no final de 2018, e do arranque angolano do Kaombo South, em 2019, a Total espera que a sua produção africana atinja os 200.000 boe/d até 2020. Embora sejam números expressivos, fato é que a Total tem se desfeito de seus ativos na África Ocidental – que já chegou a bombear 654 mil boe/d na região em 2017 – para “desenvolver um conjunto muito forte de desenvolvimento no Brasil e no Golfo do México dos EUA”, segundo afirmou o presidente da companhia, Arnaud Breuillac. No Golfo do México, a petrolífera francesa assinou uma parceria com a produtora de gás americana Sempra Energy para desenvolver projetos de liquefação de gás natural nos Estados Unidos e no México. Embora a produção ainda esteja incipiente, a expectativa da companhia é que a produção total atinja mais de 100.000 boe/d até 2020. No Brasil, contudo, a Total está apostando em várias frentes. Elas vão desde os segmentos de exploração e produção de óleo e gás a lubrificantes, produtos químicos e energia renovável – até, mais recentemente, à distribuição e comercialização de combustíveis. Em Exploração e Produção, a empresa tem atualmente atualmente em seu portfólio 22 ativos, localizados nas bacias de Campos, Santos, Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas e Pelotas. Desde o final do ano passado, aliás, a empresa passou a operar o campo de Lapa, no bloco BM-S-9A, após adquirir participação da Petrobras, no âmbito de sua Aliança Estratégica com a estatal. Com a aquisição, a Total detém hoje 45% de participação no ativo, em consórcio com as empresas Shell (30%) e Repsol Sinopec (25%). Segundo a Total, a expectativa é que a produção brasileira chegue a 100.000 boe/d. Nos renováveis, também foi assinado um acordo entre a Total Eren e a Petrobras para a criação de uma joint venture até julho de 2019, para desenvolver projetos onshore nos segmentos solar e eólico no Brasil. A Joint Venture buscará construir até 500 MW de capacidade instalada nos próximos cinco anos. Interessado no mercado brasileiro de combustíveis, a Total também comprou, no final de 2018, a distribuidora de combustíveis Zema Petróleo, sua revendedora e varejista Zema Diesel e sua importadora Zema Importação. A Zema Petróleo administra uma extensa rede de marcas de 280 postos de serviços operados por concessionárias e vários produtos de petróleo e instalações de armazenamento de etanol, a maioria deles localizados nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. *Rafael Rodrigues da Costa é mestrando em Ciências Sociais pela Unifesp e assistente de pesquisa do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis)