Ômicron possivelmente adquiriu material genético do vírus do resfriado, diz estudo

Análise realizada por empresa biomédica dos EUA aponta grande possibilidade da nova variante do Sars-Cov-2 ter realizado uma recombinação viral, já que fragmentos de um outro coronavírus foram encontrados no agente causador da Covid-19

Imagem: Fusion Medical Animation/Unsplash/Divulgação
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Cientistas da empresa Nference, com sede no estado de Massachussetts, no EUA, informaram que muito provavelmente uma das mutações sofridas pelo Sars-Cov-2, o vírus causador da Covid-19, que resultou na variante Ômicron, foi ocasionada por uma recombinação viral com um outro tipo de coronavírus, menos agressivo, o HCoV-229E, causador do resfriado comum.

Análises feitas no Sars-Cov-2 em sua nova cepa mostraram que fragmentos do coronavírus do resfriado foram encontrados no agente responsável pela mais assustadora pandemia dos últimos 100 anos. Isso teria ocorrido no interior das células humanas em decorrência da coinfecção pelos causadores da Covid-19 e do resfriado comum simultaneamente, que por meio desse tipo de “convivência” trocam material genético.

É durante essa coinfecção, quando os dois agentes estão em processo de replicação no interior das células, que ocorre a troca de material genético, permitindo que algumas cópias desses coronavírus saiam com partes comuns das duas estruturas originais.

Segundo Venky Soundararajan, cientista que coordenou o estudo publicado pela plataforma OSF Preprints, o Sars-Cov-2 pode ter adquirido algumas características do HCoV-229E para que assim fique mais “familiar” ao sistema imunológico humano, evitando um contra-ataque agressivo ao invasor. Se aplicada a mesma lógica vista em outros recombinações virais, a tendência é de que o vírus causador da Covid-19 fique cada vez menos agressivo ao ser humano, causando sintomas cada vez mais leves.

No entanto, ainda será necessário esperar mais algumas semanas ou meses para que os cientistas tenham dados concretos sobre a transmissibilidade e, principalmente, sobre a letalidade da variante Ômicron, detectada pela primeira vez na África do Sul, em novembro, e que colocou o mundo em alerta.