Organização denuncia que EUA são um dos países do mundo com mais jornalistas presos

Informe aponta que em 2020 um jornalista é preso no país a cada 4 dias, e que situação se agravou a partir da repressão aos protestos contra o assassinato de George Floyd

Jornalista sendo preso durante manifestação nos EUA (foto: Youtube)
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Os Estados Unidos são celebrados como “terra da liberdade de expressão” por muitos defensores da chamada “imprensa objetiva”, mas a realidade mostra essa liberdade não é tão pujante na prática. Ao menos é o que mostra um informe recente organizado por 14 diferentes entidades norte-americanas de defesa dos profissionais da mídia.

A informação é do US Press Freedom Tracker (ou “observatório da liberdade de imprensa nos Estados Unidos”), que mostra números que estão longe de serem dignos de orgulho: nos 205 dias deste ano de 2020, o país registrou 51 detenções de profissionais de mídia (entre repórteres, fotógrafos, operadores de câmera, entre outros), o que dá uma média de uma prisão a cada 4 dias.

Essas cifras se diferenciam muito dos números registrados em outros anos: por exemplo, em 2019, foram 9 prisões registradas em todo o ano passado, enquanto em 2018 houve 11. Mesmo em 2017, quando 37 jornalistas foram presos durante o ano, o número está abaixo do produzido somente nestes primeiros 7 meses de 2020.

Os números também mostram um agravamento dessa realidade a partir da última semana de maio, por causa dos protestos pelo assassinato de George Floyd. A forte repressão contra os manifestantes, que tem sido registrada pelos jornalistas presentes nos atos, também tem se expressado contra esses profissionais de mídia, com uma média de quase uma prisão por dia.

De acordo com o US Press Freedom Tracker, a cidade onde mais casos de jornalistas presos é Minneapolis, onde George Floyd foi assassinado, e onde aconteceram os primeiros grandes protestos antirracistas no país. Nova York e a capital Washington (cidade onde Trump decidiu mobilizar o exército para atuar contra os protestos) aparecem logo atrás nesse ranking da repressão aos jornalistas nos Estados Unidos.

Os números dos Estados Unidos se assemelham ao de outros países que registraram ataques a profissionais da mídia que cobriam grandes manifestações recentes, como Chile, Colômbia e Equador, e fica atrás dos casos mais graves da região em termos de prisões e mortes de jornalistas, como México, Honduras e Guatemala.

“Os dados coletados até agora são assustadores. Além das prisões, nós também recebemos dados de mais de 200 casos de agressões, e ao menos dois fotógrafos com ferimentos graves nos olhos”, contou Joel Simon, diretor executivo do Comitê para a Proteção dos Jornalistas.

“Estamos vivendo uma época em que os direitos dos jornalistas estão sofrendo ataques sem precedentes, então a luta por uma imprensa livre e acesso total a informações sobre essas violações é mais importante do que nunca. A responsabilidade depende disso”, acrescenta o diretor executivo da entidade Press Freedom Foundation, Trevor Timm.