Papa diz que "Deus não precisa ser defendido" e pede fim do fanatismo

"Parem de instrumentalizar as religiões para incitar ao ódio, à violência, ao extremismo e ao fanatismo cego", disse o pontífice, na mesma semana em que fanáticos religiosos, no Brasil, tentaram impedir o aborto legal de uma menina de dez anos estuprada pelo tio

Papa Francisco (Foto: ACI Digital)
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Em postagens na sua conta oficial do Twitter, neste sábado (22), o Papa Francisco pregou o fim do "fanatismo cego" e pediu para que a religião deixe de ser instrumentalizada para incitar o ódio.

"Peço a todos que parem de instrumentalizar as religiões para incitar ao ódio, à violência, ao extremismo e ao fanatismo cego", postou o pontífice.

"Deus não precisa ser defendido por ninguém e não quer que o seu nome seja usado para aterrorizar as pessoas. Deus não te ama porque te comportas bem; ele simplesmente te ama e basta. Seu amor é incondicional, não depende de ti", disse ainda o líder católico.

Coincidência ou não, a declaração do Papa sobre usar a religião para incitar o ódio ou o fanatismo vem dias após a ação de grupos de fanáticos católicos brasileiros que tentaram impedir a menina de 10 anos do Espírito Santo de ser submetida a um aborto autorizado pela Justiça. A criança engravidou após anos sendo estuprada pelo próprio tio.

Além das manifestações dos fanáticos, um padre católico do Mato Grosso passou a ser investigado pela Polícia Civil após proferir discurso de ódio nas redes e dizer que a menina estuprada "gostava" dos abusos do tio.

Data celebrada pela ONU

Apesar da fala do pontífice coincidir com o episódio de fanatismo religioso no Brasil, ela foi feita para marcar o Dia Internacional das Vítimas da Violência em relação à sua Religião ou Crença, celebrado em 22 de agosto pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

A data, instituída em 2019, é fruto da preocupação da ONU "pelos contínuos atos de intolerância e violência baseados na religião professada ou nas convicções pessoais".