Papa Francisco: “sonho com uma Europa saudavelmente laica”

Em evento do Episcopado da União Europeia, líder da Igreja Católica disse defender que “Deus e César sejam diferentes, mas não sobrepostos, em uma terra onde as pessoas sejam livres para professar qualquer fé publicamente”

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Uma mensagem enviada pelo Papa Francisco nesta terça-feira (27), em evento que celebrava os 40 anos da Comissão dos Episcopados da União Europeia, incluiu uma polêmica defesa da laicidade do Estado, em mais uma declaração sua que promete gerar polêmica, ao menos entre os fiéis mais reacionários.

“Eu sonho com uma Europa saudavelmente laica, em que Deus e César sejam diferentes, mas não sobrepostos. Uma terra aberta à transcendência, na qual o crente é livre para professar publicamente a sua fé e de propor o próprio ponto de vista na sociedade. Acabaram os tempos de confessionalismo, mas espera-se também aquilo de um certo laicismo, que fecha portas para os outros e sobretudo para Deus, porque é evidente que uma cultura ou um sistema político que não respeite a abertura à transcendência, não respeita adequadamente a pessoa humana”, declarou o pontífice.

O líder da Igreja Católica também elogiou a União Europeia, dizendo que “o projeto europeu surge, de fato, como vontade de colocar um fim às divisões do passado, nasce da consciência que juntos e unidos somos mais fortes, de que a unidade é superior ao conflito e de que a solidariedade pode ser um estilo de construção da história, um âmbito vital onde os conflitos, as tensões e os opostos atingem uma pluriforma única que gera uma nova vida”.

Para terminar, o Papa pediu mais união entre os países do Velho Continente, e disse que espera que a Europa “reencontre a si mesma”.

“(A Europa deve) reencontrar seus ideais, que tem raízes profundas em si mesma. Não ter medo da sua história milenar, que é uma janela mais sobre o futuro do que sobre o passado. Não ter medo da sua necessidade de verdade, que, desde a Grécia Antiga, abraçou a terra, colocando luz sobre as interrogações mais profundas de cada ser humano. Não ter medo da sua necessidade de justiça, que se desenvolveu do direito romano e se tornou, com o tempo, a base do respeito por cada ser humano e por seus direitos, que vemos até hoje. Não ter medo da tua necessidade de eternidade, do enriquecido pelo encontro entre a tradição judeu-cristã, que se reflete na tua herança de fé, de arte e de cultura”, refletiu Francisco.