Paquistão: Mulher sofre estupro coletivo após bater o carro e é considerada culpada pela polícia

Segundo a imprensa local, 15 homens teriam participado do ataque. Os dois filhos da mulher, ambos menores de 10 anos, assistiram a cena. Investigador do caso afirmou que o erro foi dela, por “estar dirigindo sozinha”

Foto: Deutsche Welle
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O Paquistão conheceu, nesta quarta-feira (9), um novo caso de estupro coletivo: se trata de uma mulher que sofreu um estupro coletivo depois de um acidente automobilístico.

A imprensa local não revelou o nome da vítima, mas contou que se tratava de uma mulher de entre 30 e 40 anos, que viajava por uma estrada perto da cidade de Lahore. No trajeto, seu carro teve uma leve batida com outro veículo, mas ela decidiu seguir dirigindo, até que o carro ficou sem gasolina, quando ainda estava de madrugada, cerca das 1h30.

Ela chegou a ligar para a polícia, mas antes mesmo de chegar a ajuda, o carro foi atacado por dois homens que quebraram o vidro e obrigaram ela e seus dois filhos, ambos de menos de 10 anos, a saírem do carro. Do lado de fora, outros homens se juntaram a ação, e a obrigaram a fazer sexo, e obrigaram as crianças a assistir a cena.

A polícia estima que cerca de 15 teriam participado do ataque. Além do estupro, eles roubaram joias e dinheiro da vítima. O principal investigador do caso, Umar Sheikh, deu entrevista nesta sexta-feira (11) dizendo que a culpa pelo ataque é da mulher, que “não deveria estar dirigido sozinha”.

“Ninguém na sociedade paquistanesa permitiria que suas irmãs ou filhas viajassem sozinhas a essa hora, e ela deveria ter tido esse cuidado”, comentou o policial.

A ministra dos Direitos Humanos do Paquistão, Shireen Mazari, qualificou os comentários do investigador como “inaceitáveis”.

“Não se pode jamais justificar um crime como estupro”, alegou Mazari, que solicitou a demissão de Sheikh.

Já o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, pediu “a prisão e condenação dos envolvidos no incidente o mais rápido possível. Essa bestialidade não pode ser permitida em nenhuma sociedade civilizada”.