Para recuperar economia, Itália regularizará imigrantes, apesar de protestos de Salvini

Ministra da Agricultura, Teresa Bellanova, se emocionou ao anunciar a medida. Ex-ministro do Interior e líder da extrema-direita disse que “suas lágrimas são pelos imigrantes pobres, mas não pelos italianos desempregados”

O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte (foto: Divulgação/União Europeia)
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O Conselho de Ministros da Itália alcançou, nesta quarta-feira (13), um acordo político que viabilizou um decreto para a regularização de mais de 600 mil imigrantes que estão atualmente em condição ilegal no país.

Segundo o governo, a medida está incluída no pacote com o qual se pretende recuperar a economia após a pandemia do coronavírus, que não está totalmente superada, mas cujos índices mostram uma queda importante no número de pessoas afetadas – nas últimas 24 horas, o país teve apenas 888 novos contágios, e a maioria deles assintomáticos, enquanto as mortes foram 195, muito abaixo das mais de 700 por dia, em meados de março.

A regularização dos imigrantes foi anunciada pela ministra da Agricultura, Teresa Bellanova, que não escondeu a emoção. “A partir de hoje os invisíveis serão menos invisíveis”, declarou ela, entre lágrimas.

“Venceu a dignidade dos homens e mulheres, de pessoas que vivem em uma situação de grande dificuldade e que agora poderão pedir proteção em seu trabalho”, continuou a ministra, para quem a mão de obra imigrante será “fundamental para a retomada do crescimento no nível que a Itália requer a partir de agora, se pretende recuperar a economia”.

Mas a medida também sofreu críticas, e as mais duras vieram de um antigo aliado do primeiro-ministro Giuseppe Conte, seu ex-ministro do Interior, Matteo Salvini.

O político de extrema-direita direcionou seus ataques às lágrimas da ministra Bellanova, dizendo que elas foram derramadas “pelos imigrantes pobres, mas não pelos italianos desempregados”.

Apesar de estarem ligados ao mesmo governo Bellanova e Salvini nunca formaram parte do mesmo ministério. É mais, a ministra assumiu o cargo em 5 de setembro de 2019, o mesmo dia em que o extremista abandonou o governo, junto com todo o seu partido (a Liga Norte), passando a formar parte da oposição.