Piñera retoma ditadura Pinochet no Chile: policiais sequestram pessoas com veículos sem identificação

Vídeo caseiro mostra três veículos comuns, sem identificação, avançando sobre pessoas que andavam pacificamente pela calçada e levando algumas delas presas

Ação da Polícia do Chile remete aos tempos da Ditadura Pinochet (Reprodução)
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Direto do Chile, especial para a Fórum Aconteceu na cidade de Copiapó, capital da região de Atacama, no norte do Chile. Pessoas estava caminhando pacificamente pela calçada, supostamente no final de uma marcha contra o governo, quando dois veículos vermelhos aparecem em alta velocidade e investem contra os transeuntes, que começam a correr e gritar desesperadamente. Um outro veículo cinza vem atrás e estaciona na esquina do outro lado. De dentro dos carros saem vários homens de calça jeans, jaqueta militar e capacete, e começam a perseguir as pessoas, capturando algumas e levando-as para dentro dos carros. Atrás deles, chega finalmente um veículo oficial dos Carabineros (polícia militarizada chilena), que ajuda a levar os sequestrados. A ação é rápida e não mostra qualquer tipo de abordagem protocolar: em nenhum momento pedem documentos das pessoas. Elas são simplesmente capturadas, como em um sequestro. O vídeo foi gravado por uma moradora da cidade e viralizou na redes sociais na segunda-feira (4). A ação teria ocorrido após uma manifestação contra o governo de Sebastián Piñera no fim de semana – ou seja, já depois de finalizado o Estado de exceção decretado pelo presidente. Tal situação, que se assemelha ao modus operandi dos serviços secretos chilenos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), desmente fortemente as declarações feitas pelo ministro da Justiça do Chile, Hernán Larraín, de que “desde o primeiro minuto (do Estado de exceção), as Forças Armadas foram orientadas a respeitar ao pé da letra os protocolos de ordem e segurança”. O vídeo é uma das provas que as organizações de direitos humanos pretendem entregar aos observadores da ONU que estão no país desde o começo desta semana. Eles foram enviados em missão organizada pela Alta Comissária de Direitos Humanos da entidade, a ex-presidenta chilena Michelle Bachelet.