Políticos, artistas e acadêmicos latino-americanos pedem sanções contra o apartheid israelense

Documento exige suspensão dos acordos de livre comércio com Israel, entre outras reivindicações

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Um documento contra o plano de Israel de anexação de jure (por meio de lei) da Cisjordânia foi lançado nesta quinta-feira (2), por mais de 320 figuras públicas da América Latina. Entre elas, artistas, ex-presidentes, acadêmicos e parlamentares.

Alguns dos signatários são o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel (Argentina); os cantores Chico Buarque e Caetano Veloso (Brasil); os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff (Brasil), Pepe Mujica (Uruguai), Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa (Equador) e Ernesto Samper (Colômbia).

Outras figuras brasileiras de destaque apoiam o movimento, como o ex-chanceler Celso Amorim, e Paulo Sérgio Pinheiro, ex-secretário de Direitos Humanos e atual presidente da Comissão Arns.  Mais de 60 deputados e deputadas federais do PSOL, PT, PCdoB, PSB e PDT também assinam o texto.

O documento representa uma iniciativa da sociedade civil sul-africana, como parte de uma resposta unificada da África, Ásia e América Latina, que pedem sanções contra Israel e a reativação do Comitê Especial da ONU contra o Apartheid. O objetivo é frear a política do governo de Israel.

“A crescente gravidade das violações de Israel e sua impunidade nos obrigam a responder ao chamado feito pela ampla maioria das organizações da sociedade civil palestina. Apoiamos o chamado do povo palestino pelo fim do comércio de armas e cooperação na área militar e de segurança com Israel; pela suspensão dos acordos de livre comércio com este Estado; pela proibição do comércio com assentamentos ilegais israelenses; e pela exigência da responsabilização de indivíduos e atores corporativos, cúmplices deste regime de ocupação e de apartheid. Estamos comprometidos a trabalhar, no marco das nossas respectivas estruturas nacionais, para defender a implementação dessas medidas”, diz um trecho da declaração.

A iniciativa também inclui assinaturas de dezenas de acadêmicos brasileiros, como Eduardo Viveiros de Castro, e figuras como o escritor Milton Hatoum e o cartunista Carlos Latuff; o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad; Sônia Guajajara, da Articulação Nacional dos Povos Indígenas (APIB); Débora Silva, do movimento Mães de Maio; Guilherme Boulos, coordenador do MTST; Douglas Belchior, do Movimento Negro Uneafro; João Pedro Stédile do MST; dirigentes sindicais, como o presidente da CUT, Sérgio Nobre, e Carlos Prates, da CSP-Conlutas; os presidentes do PSOL e PSTU, Juliano Medeiros e José Maria de Almeida, assim como o secretário-geral do PCB, Edmilson Costa; e a diretora de Relações Internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Maria Carolina de Oliveira.

“Ameaça à paz”

Signatário do texto, Celso Amorim enfatizou que “a anexação do território palestino proposta por Israel não é só um delito contra o direito internacional e uma ameaça à paz, mas é também uma agressão a mulheres e homens que lutaram contra o colonialismo e o apartheid. A voz do Sul deve ser escutada”.

Junto à declaração, o movimento internacional de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) na América Latina também lançou uma campanha #NãoaAnexação (#NoALaaAnexación).

Ato virtual

Neste sábado (4), sul-africanos realizarão um ato virtual com a participação do fundador do movimento BDS, Omar Barghouti; o neto de Nelson Mandela, Mandla Mandela; o neto de Mahatma Gandhi, Rajmohan Gandhi; a ativista sul-africana Phakamile Hlubi Majola; o ex-chanceler Celso Amorim; e a deputada chilena Karol Cariola.

Veja abaixo o documento: