Portugal vive crise sanitária sem precedentes por causa da Covid-19 e teme colapso nos hospitais

“Podemos tentar tratar os doentes mais graves, e evitar mortes, mas se forem muitos, nós não conseguimos agir”, disse o responsável pela Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva

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A crise sanitária em Portugal, por causa do avanço da pandemia do coronavírus, vive um caos sem precedentes. O país vem quebrando recordes diários de novos casos e de mortes. As autoridades temem que haja um colapso no sistema de Saúde, de acordo com reportagem de Fábia Belém, da RFI.

O país encerrou janeiro com 5.576 óbitos, um número que representa quase a metade (44,6%) do total de mortes causadas pelo novo coronavírus desde março, quando a pandemia teve início no país.

Conforme dados do boletim epidemiológico mais recente, divulgado neste domingo (31) pela Direção-Geral da Saúde, mais de 303 pessoas morreram em apenas 24 horas, o que, proporcionalmente, seria o mesmo se o Brasil registrasse mais de 6 mil mortes por Covid em um dia.

O número de vítimas fatais chega a 12.482 e os novos casos alcançam 9.498. “Estamos numa situação de pré-catástrofe”, declarou João Gouveia, responsável pela Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a Covid-19.

“Se continuarmos a ter esse número de casos todos os dias, não vai ser suficiente. Podemos tentar tratar os doentes mais graves, e evitar mortes, mas se forem muitos, nós não conseguimos agir”, disse, em tom alarmante.

Ajuda

Dois países da União Europeia se ofereceram para ajudar Portugal: Alemanha e Áustria. Este último avisou que poderá receber doentes graves com Covid-19 nas suas unidades de terapia intensiva (UTIs).

O Instituto Ricardo Jorge, braço laboratorial do sistema de saúde português, calcula que, em duas semanas, a variante do coronavírus encontrada inicialmente no Reino Unido vai ser responsável por 65% dos casos de Covid-19 no país. A variante brasileira ainda não foi detectada em Portugal.

Vacinação

Em consequência de problemas na distribuição de vacinas na União Europeia, o ritmo da vacinação tem sido lento em Portugal. Apenas 74 mil pessoas tomaram as duas doses do imunizante, até o momento. O país tem população de 10 milhões de pessoas.