Pressões econômicas causaram avanço do coronavírus na Itália

O premiê Giuseppe Conte anunciou nesta segunda-feira que todo o país está em "zona vermelha"

O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte (foto: Divulgação/União Europeia)
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A extensão das medidas restritivas anunciada pelo primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte nesta segunda-feira (9) é parte de um drama que vive o país que é criticado por ter demorado em tomar atitude para conter a epidemia do novo coronavírus.

Segundo a documentarista brasileira Astrid Lima, natural de Manaus e residente no país europeu desde 1993, a demora do país em atuar no epicentro da epidemia, na região da Lombardia, aconteceu por pressões econômicas e fez a doença se espalhar.

"Quando começou o foco da epidemia muitas pessoas consideravam que eram medidas insuficientes. A primeira preocupação do governo era a economia - buscavam que não se criasse um dano econômica. Ninguém estava preparado para algo assim, apesar dos alertas da comunidade científica apontar que a situação podia sair do controle", disse Lima em entrevista à Fórum.

"O governo foi muito exitante nos primeiros momentos porque a Lombardia é a região mais desenvolvida. Resistência a medidas que pudessem causar um impacto econômica", disse ainda.

Lima conta que a principal preocupação das autoridades no país se deve ao fato da Itália ser um país com uma grande população idosa e bastante ativa - ou seja, não respeita as recomendações de ficar em casa em razão da epidemia.

A documentarista relata que a situação do país tem ficado cada vez mais preocupante em razão da distribuição geográfica do vírus. "A Lombardia é onde existe a melhor estrutura sanitária do país. Nesse momento a situação está ficando muito preocupante porque a doença está se espalhando para outras regiões", declarou.

Para Lima, a decisão tomada por Conte de declarar todo o país como "zona protegida" é positiva e pode ajudar na contenção da epidemia."Chegaram à conclusão que não tem como sair dessa situação sem fazer o vírus parar de andar", avalia.

Com o decreto, que será publicado pelo premiê na terça-feira, é proibido sair de uma cidade para outra, com exceção de motivo de trabalho, de saúde ou de assistência a parentes doentes; bares ficam fechados a partir das 18h; e universidades e escolas seguem sem abrir.

Falta de UTIs

A Itália, que possui cerca de 5 mil leitos de Unidade de Terapia Intensiva e busca contratar mais mil para conter a epidemia de coronavírus, segundo Lima, já sofre com os efeitos de uma atuação tardia na contenção da difusão do vírus. Hoje, cerca de 732 pacientes com Covid-19 já ocupam as UTIs e ameaçam a estrutura sanitária italiana.

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