PSOL critica Itamaraty e pede apoio a proposta antirracista na ONU

Proposta de países africanos sugere comissão de inquérito para apurar atuação de polícias contra pessoas negras

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Deputados do PSOL apresentaram carta, nesta terça-feira (16), para pressionar o Itamaraty em relação ao posicionamento sobre uma votação da ONU referente a racismo e violência policial, que deve ocorrer ainda nesta semana.

A resolução, apresentada por líderes de vários países do continente africano, sugere que a ONU crie uma comissão de inquérito internacional para investigar os crimes cometidos nos Estados Unidos e em outros países. A proposta foi apresentada em resposta à morte de George Floyd, e apresentou resistência por parte dos países ocidentais.

Diante da pouca receptividade, os líderes foram obrigados a abandonar a ideia da comissão, mas pedem que seja realizada apuração pela Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, e por relatores.

Para os aliados estadunidenses, a resolução não é necessária e não faria sentido no contexto global. Diante da aproximação com os Estados Unidos, o Itamaraty tende a se posicionar contra a proposta, que também poderia interferir e analisar ações da polícia no Brasil.

Para os deputados do PSOL, posicionar-se contra a comissão significa que "o país selará publicamente, frente à comunidade internacional, seu compromisso com o genocídio e a opressão a pessoas negras – o qual já se evidencia através da sistemática violência policial, do encarceramento em massa, e das várias formas de discriminação que acometem grande parte do povo brasileiro".

Os deputados ainda ressaltam que a proposta dos países africanos não se aplica exclusivamente ao assassinado de Floyd. "Trata-se de uma oportunidade de sinalização mínima da disposição dos Estados em reconhecer e combater as graves violações dos direitos humanos e liberdades de pessoas negras em todo mundo”, consideram.