Reação de Macri assusta mais investidores do que possível retorno de Cristina Kirchner, diz artigo do Financial Times

"O presidente argentino, Mauricio Macri, perdeu o contato com a realidade e isso pode ter assustado aos mercados mais do que a perspectiva de retorno de Cristina Fernández de Kirchner", diz trecho do artigo de Hector R. Torres, ex-diretor da Argentina no FMI

Foto: Prensa Presidencia
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Um artigo publicado pelo ex-diretor executivo da Argentina no Fundo Monetário Internacional (FMI), Hector R. Torres, no jornal britânico Financial Times, destaca que o presidente argentino Maurício Macri "perdeu o contato com a realidade" e que o que ele pode fazer daqui para frente pode ser mais alarmante para os mercados do que uma vitória eleitoral do kirchnerismo com Alberto Fernández e Cristina Kirchner. Torres pontua que a reação negativa nos indicadores financeiros, apontada como reflexo direto da ampla vantagem obtida pela oposição nas eleições prévias, pode também ter a ver com a reação de Macri, que se irritou com o resultado e pode agora tentar manobrar a política econômica para tentar se aproximar de uma reeleição. "O presidente argentino, Mauricio Macri, perdeu o contato com a realidade e isso pode ter assustado aos mercados mais do que a perspectiva de retorno de Cristina Fernández de Kirchner. Após a conferência de imprensa de Macri, o Bonar 24, um dos títulos de dívida pública mais líquidos da Argentina, caiu para 51 centavos", diz o economista. Segundo Torrer, o que Macri pode fazer é o que mais preocupa. O atual presidente recebeu um enorme montante do FMI e se comprometeu a fazer reformas estruturais, mas apenas vê a recessão que passa a Argentina aumentando, o desemprego crescendo e a pobreza disparando. "Os mercados também estão preocupados com o que o Sr. Macri pode fazer agora para tentar melhorar suas - quase insignificantes - chances de ser reeleito. Se ele acredita que estabilizar a taxa de câmbio poderia ajudá-lo a recuperar o apoio da classe média, ele poderia usar esses dólares do FMI para sustentar o peso. Isso seria desastroso. O FMI certamente interromperia o fluxo de financiamento, forçando a inadimplência da dívida pública", diz outro trecho do artigo.