Refinaria da Venezuela foi atacada por um míssil, diz ministro do Petróleo

Imagens mostram orifícios de entrada e saída na torre construída à base de aço altamente resistente. Um comitê técnico está investigando para identificar de onde foi lançado o objeto explosivo

Foto: Ministério da Comunicação da Venezuela
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CARACAS - Uma torre da planta industrial da Refinaria de Amuay recebeu o impacto de um projétil de alto calibre, na tarde de terça-feira (27), de acordo com autoridades venezuelanas. A suspeita é de que seja um míssil disparado de um avião não tripulado ou de uma embarcação, já que a refinaria fica uma zona da costa da Venezuela. Essa informação foi divulgada pelo ministro do Petróleo do país, Tareck El Aissami, nesta quinta-feira (29).

"Ficou evidente que se trata de uma explosão que tem uma frente de impacto e uma projeção externa à planta. As chapas de aço, de acordo com sua dimensão e espessura, determinam a magnitude da explosão", disse o ministro, que esclareceu ainda que essa torre afetada foi construída com aço altamente resistente.

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Foto: Ministério da Comunicação da Venezuela

Segundo a jornalista venezuelana Madelein Garcia, que esteve na refinaria nesta quinta, existe um orifício de entrada e de saída do que poderia ser um tipo de projétil. E que a planta industrial estava parada para manutenção. Não fosse isso, de acordo com a jornalista, o impacto teria sido devastador, já que se trata de uma unidade de destilação de material altamente inflamável.

Um operário da refinaria, entrevistado pela jornalista, afirma que o comportamento da explosão foi atípico para um acidente industrial. "Não houve incêndio e sim uma onda explosiva muito forte, acompanhada de fumaça, mas não de chamas. Os bombeiros não precisaram fazer nada, não teve incêndio", disse o operário, que não teve o nome revelado. O técnico também contou que nesse ponto do edifício não existiam elementos que pudessem causar internamente esse tipo de explosão através de um possível acidente. "Não tinha porque haver uma falha nesse ponto dessa torre. Essa explosão é tecnicamente inexplicável do ponto de vista da produção interna desse local", reforçou.

Além disso, imagens enviadas pelo Ministério da Comunicação da Venezuela a jornalistas correspondentes no país mostram que no chão ficaram destroços e lâminas do que poderiam ser um avião não tripulado ou de outro tipo de máquina.

Foto: Ministério da Comunicação da Venezuela

Um comitê técnico está investigando o caso para identificar do que se trata e de onde foi lançado o objeto explosivo que atingiu a refinaria. Além disso, o ministro denunciou ataque a outras estruturas do Estado. "Registramos 87 ataques ao sistema elétrico e a estações de distribuição que abastecem esta planta industrial. Também registramos ataques ao sistema de água do país", destacou.

Essa refinaria ficou sem operação regular durante cinco anos, por falta de peças de reposição de fabricação norte-americana, devido ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos à Venezuela. Em 2018 essa planta industrial foi retomada e estava a ponto de voltar a produzir combustível. Agora terá que voltar a se reestruturar.

A unidade de destilação afetada é essencial para a fabricação de insumos utilizados no refino de petróleo e estava em perfeito estado desde 2018, segundo um engenheiro que falou com a imprensa venezuelana.

Denúncias anteriores

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro já havia denunciado esse ataque em uma entrevista coletiva, na última quarta-feira (28). "A Refinaria de Amuay foi atacada com uma arma longa, poderosa. Derrubaram uma torre que, por sua espessura, pode ser comparada a um tanque de guerra", disse Maduro.

Além disso, um ex-militar dos Estados Unidos, identificado como Matthew Jhon Heath, foi preso em setembro, na rodovia que leva a essa refinaria. Portava armamento pesado, entre eles um lança-rojão modelo AT4 de 84 mm, uma submetralhadora modelo UZI de 9 mm (um tipo de pistola-metralhadora compacta de origem israelense) e pacotes suspeitos de conter material explosivo tipo C4.