Reportagem comprova envolvimento de Trump com ataque de mercenários à Venezuela

Ação ocorrida em maio tentou derrubar governo de Maduro, mas foi frustrada por pescadores venezuelanos. Dono da empresa que planejou o ataque chegou a participar de reuniões secretas em hotéis do presidente dos EUA durante o planejamento da operação

Grupo de mercenários capturado pelo Exército da Venezuela (Foto: TeleSur)
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A fracassada Operação Gideon, ocorrida em 3 de maio deste ano e cujo objetivo era derrubar o governo de Nicolás Maduro na Venezuela e instalar no poder o líder opositor Juan Guaidó, nasceu de uma negociação do governo dos Estados Unidos com o empresário Jordan Goudreau, dono da empresa Silvercorp, encarregada de reunir e treinar os mercenários que participaram do ataque.

A informação é do diário Miami Herald, que publicou uma grande reportagem neste sábado (31), mostrando que Goudreau se reuniu diversas vezes com pessoas ligadas à Casa Branca, entre o final de 2019 e o começo de 2020. A matéria mostra que, durante o planejamento da operação, o empresário chegou inclusive a participar de reuniões clandestinas em hotéis, restaurantes e até um campo de golfe pertencente ao império empresarial de Trump.

A informação de que a administração estadunidense esteve diretamente ligada à Operação Gideon sempre foi negada diversas vezes pelo próprio Donald Trump e seus assessores internacionais. Entre outras coisas, devido à forma burlesca como tudo terminou. No dia 3 de maio, cerca de 50 homens armados tentaram invadir a Venezuela por via marítima, e foram capturados de diferentes formas. Alguns tiveram suas embarcações interceptadas pela marinha venezuelana, mas ao menos 20 homens foram capturados por simples pescadores venezuelanos.

Após a desastrada operação, Jordan Goudreau moveu uma ação na Justiça contra Juan José Rendón, um consultor próximo ao líder opositor Juan Guaidó (que se autoproclamou presidente da Venezuela), por quebra de contrato e não pagamento de 1,4 milhão de dólares pelo serviço. Segundo a reportagem do Miami Herald, Rendón se justifica por uma cláusula do contrato que permitiria a Guaidó se dissociar da operação caso ela fracassasse.