Salles usa imagem de cachorro de olho no frango para mostrar a americanos expectativa de brasileiros com dinheiro

Complexo de vira-latas – Slide foi apresentado à equipe de John Kerry, enviado especial para o clima do governo Joe Biden

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles - Foto Marcos Corrêa/PR
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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, usou a imagem de um cachorro abanando o rabo em frente a uma máquina de frango assado em sua apresentação durante reunião com integrantes da equipe de John Kerry, enviado especial para o clima do governo Joe Biden.

O objetivo de Salles, de acordo com quem viu a apresentação, era demonstrar a expectativa dos brasileiros diante de um aporte polpudo de recursos para ajudar na preservação da floresta Amazônica.

No título do slide era possível ler, em inglês, "expectativa de pagamento". Os frangos, por sua vez, carregavam cifrões de dólares estampados no peito. O slide, conforme relatos, não surtiu o efeito desejado, pois os americanos não estão habituados ao quotidiano das padarias brasileiras.

O encontro, de acordo com a repórter Marina Dias, da Folha, ocorreu no dia 17 de março e fez parte de uma série de reuniões bilaterais entre integrantes dos governos brasileiro e americano nas últimas semanas, em preparação para a Cúpula de Líderes sobre o Clima, que Biden marcou para os dias 22 e 23 de abril.

O presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) foi convidado por Biden para participar do encontro, que vai acontecer de forma virtual, e deve reunir 40 líderes mundiais.

Para a liberação de recursos, os EUA querem que o Brasil se comprometa com metas objetivas de redução de desmatamento ilegal, zerando a prática até 2030, e apresente resultados ainda neste ano.

Salles, no entanto, diz que o Brasil só vai se comprometer com números apenas se receber dinheiro antecipado de países estrangeiros.

A apresentação de Salles reforçou a imagem de que o governo Bolsonaro não está bem preparado para a cúpula, resistente a assumir metas mais ambiciosas ou a apresentar uma estratégia crível para reduzir a devastação do bioma.

O desmatamento na Amazônia voltou a bater recorde em março e foi o maior dos últimos seis anos, de acordo com o Deter, o sistema de monitoramento de desmate do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Os dados apontam 367,61 km² de desmatamento. O recorde anterior pertencia a 2018, com 356,6 km² destruídos, seguido por 2020, com 326,49 km² derrubados, todos sob governo Bolsonaro.

O meio ambiente se converteu no principal assunto da relação bilateral entre Brasil e EUA após a chegada de Biden à Casa Branca.

Com informações da Folha