Santo remédio: Viagra talvez previna Mal de Alzheimer, diz pesquisa

A famosa pílula azul que revolucionou o tratamento da disfunção erétil há mais de 20 anos agora vem sendo estudada na prevenção da temida doença degenerativa que acomete os idosos. Simulações e experimentos são promissores

Comprimidos de Viagra (Mega Curioso/Reprodução)Créditos: Divulgação internet
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Uma pesquisa conduzida pela Clínica Cleveland, dos EUA, publicado nesta segunda-feira (6) pela revista científica Nature Aging, revelou que o citrato de sildenafila, nome do princípio ativo do famoso e revolucionário medicamento para disfunção erétil Viagra, desenvolvido pela Pfizer há mais de 20 anos, teria potencial para prevenir o Mal de Alzheimer.

A droga se tornou uma das principais candidatas para estudos que avaliarão a capacidade de determinados fármacos agirem prevenindo a tão temida doença degenerativa que afeta a memória e a sanidade de idosos em todo o mundo.

Os dados apresentados pelos cientistas foram obtidos por meio de simulações em computadores e experimentos de laboratório e tiveram como ponto de partida estatísticas que mostram um significativa redução dos casos de Alzheimer em pacientes que fizeram uso de Viagra por pelo menos seis anos consecutivos. Esses homens tiveram 69% a menos de diagnósticos da doença que compromete a lucidez na fase final da vida.

Na própria publicação, no entanto, os pesquisadores pedem cuidado com a euforia relacionada a essa informação, pois o que foi mostrado até agora não é resultado de um criterioso teste clínico, mas apenas a observação de um dado relevante e que, aparentemente, não seria fruto do acaso.

"Baseados nessas análises farmacoepidemiológicas retrospectivas de caso-controle com pedidos de reembolso de seguros de saúde para 7,23 milhões de indivíduos, nós descobrimos que o uso deo sildenafil era signficativamente associado com uma redução de 69% na doença de Alzheimer", explocou Jiansong Fang, um bioestatístico que encabeça as pesquisas sobre o assunto na prestigiada Clínica Cleveland.

Os cientistas fizeram ainda uma segunda análise, desta vez considerando fatores diversos, como doenças pré-existentes, hábitos de vida, idade, etnia e consumo de outras drogas, para ver se os resultados estatísticos seriam os mesmos e, surpreendentemente, eles se mantiveram.

Na última fase da análise, os pesquisadores simularam a aplicação do princípio ativo em neurônios humanos cultivados em células especiais, obtidas da pele de pacientes com Mal de Alzheimer. A droga, nesse ambiente de cultura das células, não só fez crescer o número de neuritos, que são as extensões dos neurônios, como diminuiu a presença de uma variedade de proteína, chamada de tau, que quando acumulada no cérebro mata os neurônios gradativamente, causando o Mal de Alzheimer.

"A associação entre o uso do sildenafil e a diminuição da incidência da doença de Alzheimer não estabelece uma causalidade, e isso vai requerer um teste clínico controlado", explicou Fang e seus colegas de pesquisa, num comunicado.