Sindicalista Pedro Castillo surpreende no Peru e lidera em boca de urna

Levantamento mostra um cenário bastante embolado, que pode levar Keiko Fujimori ao segundo turno

O presidente peruano Pedro Castillo - Foto: Reprodução
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O professor e sindicalista Pedro Castillo, do partido de esquerda Peru Livre, aparece na liderança de pesquisa boca de urna divulgada pela Ipsos neste domingo (11). Até o início do mês, ele não era considerado como favorito, mas despontou nas últimas semanas. O segundo colocado ainda está indefinido.

Castillo aparece na liderança da pesquisa, divulgada pela TV América, com 16,1% segundo o levantamento. Levando em conta a margem de erro de 3 pontos, ele ainda não estaria garantido no segundo turno, mas parece bem encaminhado. O candidato surpreendeu neste domingo ao ir votar montado em um cavalo.

Disputam a segunda vaga: Hernando de Soto, com 11.9%, Keiko Fujimori, com 11.9%, Yonhy Lescano, com 11%, Rafael López Aliaga, com 10,5%, e Verónika Mendoza, com 8,8.

A indefinição na eleição peruana já vinha sendo apontada em pesquisas anteriores.

Em entrevista à Fórum, na segunda-feira (5), o sociólogo Raul Nunes, pesquisador do Núcleo de Estudos de Teoria Social e América Latina (NETSAL) do IESP-UERJ, disse que o cenário é reflexo da crise política que o país vive desde 2016, quando Keiko foi derrotada por Pedro Paulo Kucinski por menos de 1% dos votos e a maioria do Congresso ficou com o fujimorismo. “O fujimorismo buscou desde o início desestabilizar a presidência de Pedro Pablo Kuczynski. A Lava Jato peruana foi um catalisador da crise, e envolveu a investigação, prisão e até suicídio das figuras mais importantes da política nacional”, declarou.

“Com a queda de PPK, o recém-empossado Martin Vizcarra investiu contra o Legislativo, forçando a agenda lavajatista anticorrupção. A instabilidade aumentou, e o Congresso ficou visto como sabotar, enquanto o presidente cravava altos níveis de aprovação, até ser derrubado pelos congressistas em novembro passado. O que as gigantescas manifestações que se seguiram demonstraram foi um rechaço enorme aos políticos como um todo, e acredito que é isso que move o alto nível de não-voto e a dificuldade dos candidatos em conseguir apoio”, avaliou.