Sob Trump, neopentecostais recriam "guerra santa" contra o islã como pano de fundo do conflito entre EUA e Irã, diz especialista

Em entrevista à Fórum, Renatho Costa, autor do livro “Os aiatolás e o receio da República Islâmica do Irã” e professor de Relações Internacionais da Unipampa, analisa o contexto histórico que envolve o conflito entre Estados Unidos e Irã

Donald Trump em culto com evangélicos (Reprodução/Facebook)
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Em entrevista exclusiva ao canal da Fórum no Youtube nesta quarta-feira (8), o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Renatho Costa, autor do livro “Os aiatolás e o receio da República Islâmica do Irã”, afirma que além da questão política e econômica, com a disputa pelo controle do petróleo, o conflito entre Estados Unidos e Irã tem como pano de fundo uma nova "guerra santa", desta vez perpetrada por grupos neopentecostais com grande influência na Casa Branca, que atuam de forma fundamentalista e têm grande influência sobre Donald Trump. "O aspecto religioso está em um segundo plano nesse momento. Porém, o crescimento dos neopentecostais na esfera política, seja nos Estados Unidos ou no Brasil, isso gera uma certa preocupação. Eles trabalham com ideias muito parecidas com pressupostos fundamentalistas, de você ter um escolhido, ter que levar essa tua palavra. Ter que exterminar aquele que não coaduna com sua forma de pensamento. Em alguns momentos, me parece que o Brasil e os EUA trilham esse caminho", diz Costa. Segundo ele, esse fundamentalismo tem avançado na política externa de muitos países que passam a ver as nações islâmicas como inimigas. "Os neopentecostais galgaram um espaço dentro da política. Eu não estudo detalhadamente os neopentescostais, mas eu acompanho, e tenho percebido um avanço que eles estão tendo dentro da política externa inclusive de determinados países. E aí eles vêm o islã como grande antagonista. Nós vamos voltar a ter um conflito religioso como uma das matrizes principais. Eu divido em duas formas: o Irã já não tem mais essa preocupação, que tem a questão religiosa como algo primordial, ele não usa a religião para exercer essa influência. E, por outro lado, aqui no Ocidente a gente parece que está trilhando uma "guerra santa", nós estamos lutando contra esses muçulmanos", diz o professor. Assista a entrevista na íntegra a partir das 15h no canal da Fórum no Youtube