O jornal britânico The Guardian publicou uma reportagem, nesta segunda-feira (3), que chama atenção para o aumento no número de mortes de grávidas e puérperas por Covid-19 no Brasil. A reportagem destaca no título que o país vive uma "calamidade" de mortes maternas.
Pelo menos 803 mulheres grávidas e puérperas morreram da doença desde o início da pandemia. Mais da metade dessas mortes, 432, aconteceram este ano. Os dados são do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19).
A reportagem de Flávia Milhorance destaca que a preocupação com o risco que a Covid-19 representa para mulheres grávidas e puérperas está presente em todo o mundo, incluindo no Reino Unido, onde médicos relataram um aumento de internações dessas mulheres em leitos de UTI durante a segunda onda.
"Mas especialistas e ativistas dizem que a situação no Brasil é particularmente alarmante, com as autoridades recentemente pedindo às mulheres que adiem o parto até que o surto no país perca força", diz o texto.
Entre as justificativas apresentadas por especialistas para o aumento no número de mulheres grávidas que adoecem gravemente e perdem a vida para a Covid-19 no Brasil, está o colapso no sistema de saúde no país - o que aprofundou taxas históricas.
"O acesso inadequado ao pré-natal e ao planejamento familiar são desafios de longa data do sistema de saúde pública do Brasil, com o país sofrendo taxas de mortes maternas mais de três vezes a média dos países da OCDE, mesmo antes da pandemia", diz o texto.
No último dia 27, o Ministério da Saúde anunciou que as grávidas e puérperas seriam incluídas no grupo prioritário para receber a vacina contra a Covid-19. Apesar da mudança, em um primeiro momento, devem ser vacinadas apenas as grávidas com doenças pré-existentes.