A entrevista coletiva do presidente estadunidense Donald Trump, nesta quarta-feira (11), transcorria normalmente, até o repórter Jim Acosta, da CNN, fazer a sua pergunta. “O que você diz aos americanos que consideram que você não leva isso a sério o suficiente (a epidemia de coronavírus), e que algumas de suas declarações não correspondem ao que seus especialistas em saúde estão dizendo?”.
A resposta de Trump não durou nem 3 segundos: “Essa é a CNN. Notícias falsas, continuemos, e muito obrigado”.
CNN's Jim Acosta: "What do you say to Americans who are concerned that you're not taking this seriously enough and that some of your statements don't match what your health experts are saying?"
— Yashar Ali ? (@yashar) March 11, 2020
President Trump: "That’s CNN. Fake news." pic.twitter.com/c9T3ZhRIcP
O estilo de desqualificar o jornalista ou o meio em que ele trabalha, como forma de se negar a responder uma pergunta, é utilizado por Trump desde sua campanha eleitoral, em 2016.
A forma como isso se dá, como se pode ver no vídeo acima, mostra como a essa estratégia é copiada por Bolsonaro, que atua dessa forma desde que assumiu o Planalto, em 2019.
Em maio do ano passado, ao criticar uma coluna da Folha de São Paulo, ele usou quase a mesma expressão do seu modelo estadunidense: “Folha, 100% fake news”. Já em fevereiro deste ano, lançou mão de comentários misóginos para desqualificar a repórter Patrícia Campos Mello, que denunciou seu esquema de mensagens falsas via whatsapp, durante as eleições de 2018.
Não é a primeira semelhança de estilo entre os dois presidentes, que são orientados pelo mesmo guru comunicacional, o empresário Steve Bannon, que foi diretor do meio de extrema-direita estadunidense Breitbart News, e agora coordena uma rede mundial de políticos ultraconservadores, que tem no clã Bolsonaro os seus representantes no Brasil.