Universidades do México e Colômbia oferecem curso sobre o golpe no Brasil

Professores defendem autonomia didático-científica de instituições brasileiras e condenam violação da liberdade acadêmica sofrida pela UnB. Ao todo, já são 36 universidades que estão oferecendo cursos sobre o golpe de Estado no Brasil

Universidad de los Andes (Divulgação)
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Por Coletivo Passarinho Durante o primeiro semestre de 2018, a Faculdade de Ciências Sociais da Universidad de los Andes, em Bogotá (Colômbia), oferece as aulas “Das jornadas de junho de 2013 ao Golpe de 2016”, como parte do curso “Vozes de resistência no Brasil”. Coordenada pela Prof. Luciana Andrade Stanzani, mestre em educação e bacharel em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP), a disciplina se propõe a analisar as manifestações culturais de resistência no Brasil em diferentes períodos históricos. “Iniciativas assim podem ajudar a entender o atual panorama latino-americano e promover espaços de discussão e estudos sobre a região”, diz a professora, que repudia a tentativa de censura ao curso “O Golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” do Prof. Dr. Luis Felipe Miguel, na Universidade de Brasília (UnB), por parte do Ministério da Educação brasileiro. Na Cidade do México, os efeitos do golpe de 2016 serão discutidos no “Seminário de Estudos Brasileiros (SEMBRAR)”, criado pelas professoras e pesquisadoras Regina Crespo, doutora em História, do Centro de Investigaciones sobre América Latina y el Caribe, Monika Meireles, doutora em Estudos Latino-americanos, do Instituto de Investigaciones Económicas, ambas da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), e Miriam Madureira, doutora em Filosofia, da Universidad Autónoma Metropolitana (UAM). Com sede no Centro de Investigaciones sobre América Latina y el Caribe, da UNAM, o curso tem como objetivo “semear a discussão como ferramenta crítica e semear o debate reflexivo como instrumento de conhecimento e análise da realidade brasileira”, segundo seu programa. Sobre o ataque do governo Temer à UnB, a Professora Miriam Madureira afirma que a atitude “mostra um aprofundamento do caráter antidemocrático do golpe, agora dirigido contra uma instituição que deve se caracterizar justamente pela liberdade de pensamento e de debate”. No mesmo tom de crítica, cerca de cem professores de universidades renomadas dos EUA que participam do movimento “Acadêmicos e Ativistas pela Democracia no Brasil” assinaram uma carta de repúdio à ação movida pelo MEC. Com as iniciativas na Colômbia e no México, já são 36 universidades que oferecem cursos sobre o golpe de Estado que destituiu a Presidenta eleita Dilma Rousseff em 2016; entre elas a Universidade de Bradford, na Inglaterra, e 33 instituições em todo o Brasil (UEA, UEL, UEM, UEPB, UERJ, UESPI, UFABC, UFAM, UFBA, UFCG, UFES, UFG, UFJF, UFMG, UFMGS, UFOP, UFPA, UFPB, UFPR, UFRB, UFRN, UFRGS, UFRJ, UFRR, UFS, UFSB, UFSC, UFSCAR, UFSM, UFV, UnB, UNESP, UNICAMP e USP).