Vídeo: deputada chilena imita Naruto para comemorar aprovação de projeto previdenciário

Pamela Jiles, conhecida como “La Abuela” (“A Vovó”), cumpriu promessa feita aos netos, após a Câmara chilena aprovar proposta que contraria o modelo de previdência privada, inspirador do modelo de Paulo Guedes

Pamela Jiles e Naruto (foto: reprodução)
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Nesta quarta-feira (15), a Câmara dos Deputados do Chile aprovou o primeiro trâmite do projeto que permite aos trabalhadores retirar até 10% dos valores depositados em suas contas individuais de previdência privada, para ajudar em seu sustento durante estes tempos de pandemia.

A iniciativa, proposta pela Frente Ampla e pelo Partido Comunista, conseguiu 95 dos 155 votos, e passou ao Senado, apesar da resistência da bancada governista e do fortíssimo lobby dos bancos e empresas de previdência privada contra a medida. O presidente Sebastián Piñera chegou a oferecer cargos à parlamentares da oposição e do centro para evitar a derrota.

Em meio à comemoração pela aprovação do projeto, uma cena se destacou: a deputada Pamela Jiles, do Partido Humanista (de esquerda e ex-integrante da Frente Ampla), celebrou o resultado imitando o personagem Naruto, da série animada japonesa do mesmo nome: ela correu com os braços esticados para trás, usando uma capa rosa e leques da mesma cor, um em cada mão.

Segundo a parlamentar, a comemoração foi uma promessa feita para os seus netos. Jiles é uma jornalista famosa no Chile, já foi âncora de um dos telejornais mais importantes do país, e é conhecida no mundo político como “La Abuela” (“A Vovó”), justamente por suas alusões aos netos em ações e declarações públicas.

O projeto aprovado nesta quarta constitui uma derrota importante para os defensores do modelo previdenciário chileno, que inspirou o projeto que o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, tenta implementar no Brasil.

Se for aprovado no Senado, obrigará as empresas de previdência privada a permitir que as pessoas retirem até 10% do seus fundos individuais, o que alguns economistas consideram que poderia levar o sistema ao colapso, e deixar ainda mais em evidência o fracasso do modelo – que já vem sendo questionado há anos, por entregar aposentadorias mais de 60% menores as salários originais dos trabalhadores, com alguns valores inclusive abaixo do salário mínimo chileno.

Segundo pesquisa realizada pelo instituto Termómetro Social em dezembro de 2019, dois meses depois do início da revolta social, 91% das pessoas no Chile discordam de Paulo Guedes e consideram que o modelo de previdência privada é o problema mais grave que o país enfrenta atualmente.