Vírus de empresa israelense para espionagem política no Whatsapp foi usado durante as eleições no Brasil

Segundo reportagem do El Pais, o vírus Pegasus é empregado para monitorar alvos específicos. Trata-se de espionagem política perpetrada por Governos e suas agências, podendo ser vigilância doméstica ou internacional

(Reprodução)
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Reportagem de Fernanda Becker e Regiane Oliveira, no site do jornal El País nesta quarta-feira (15), que o vírus Pegasus, fabricado pela empresa israelense NSO, para coletar informaçõs no Whatsapp foi usado no Brasil entre agosto de 2016 e agosto de 2018, na pré e durante a campanha para as eleições presidenciais. Segundo revelou o Financial Times nesta segunda-feira (13), ao infectar o aparelho por meio de uma chamada de voz, o vírus é capaz de acessar informações sensíveis e executar ações, como ativar remotamente a câmera e o microfone. Após a matéria do jornal londrinho, o Whatsapp disponibilizou uma atualização do aplicativo para proteger contra ataques hackers. Segundo a reportagem do El País, em setembro de 2018, o Citizen Lab, um renomado laboratório da Universidade de Toronto, publicou o relatório Hide and Seek, um exaustivo estudo no qual foram identificados 45 países com suspeita de infecção pelo mesmo vírus da NSO Group. Um dos países do informe é justamente o Brasil. Não se sabe, no entanto, quem teria comprado a ferramenta de guerra cibernética para usar em território brasileiro. A empresa israelense diz que não a vende para clientes privados, apenas para Governos nacionais. Citizen Lab identifica pelo menos 33 possíveis clientes da empresa, entre eles, países já conhecidos pelo uso abusivo destas ferramentas de vigilância contra a sociedade civil, mas os pesquisadores optaram por não revelar quais são eles. Eles dizem que os Estados que consomem o produto podem o estar utilizando para finalidades lícitas, como combate ao terrorismo e crimes virtuais. À diferença de outros escândalos envolvendo dados pessoais, como o da Cambridge Analytica, que explodiu após eleições norte-americanas de 2016 e obrigou o Facebook a repensar radicalmente sua política de privacidade, programas como o Pegasus não se dedicam à coleta massiva de dados, mas são empregados para monitorar alvos específicos. Trata-se de espionagem política perpetrada pelos Governos e suas Agências, podendo ser vigilância doméstica ou internacional. Leia a reportagem na íntegra