Washington Post sobre Bolsonaro: "Este governo tolerará denúncias prejudiciais de um jornalista gay estrangeiro?”

"Ele sofreu ameaças e denúncias após as revelações de Snowden. Mas isso parece diferente, ele disse. É mais pessoal", diz o texto

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The Washington Post publicou, em sua edição deste sábado (13), relato do atual cenário político brasileiro, com um perfil do jornalista Glenn Greenwald, editor do The Intercept Brasil, que há um mês vem publicando vazamentos de diálogos entre o então juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro e promotores da operação Lava-Jato. Em seu texto, o jornalista Terrence McCoy afirma que "as ameaças públicas contra Greenwald representam um teste inicial para o Brasil sob Bolsonaro, o ex-oficial militar de direita que ganhou a presidência no ano passado com apelos ao nacionalismo, homofobia e nostalgia pela ditadura militar de duas décadas do país". A reportagem traz a informação divulgada pelo site O Antagonista, porta-voz da Lava-Jato e de Moro, de que a Polícia Federal estaria investigando a vida financeira de Glenn, algo visto por diversas entidades de jornalismo como perseguição do Estado. Para ele, as ameaças sofridas pelo editor do Intercept são um teste para o atual governo de Jair Bolsonaro. "Este governo tolerará denúncias prejudiciais de um jornalista gay estrangeiro? Ou irá silenciá-lo, confirmando temores do potencial de autoritarismo de Bolsonaro?", questiona ainda. “É mais do que apenas Sérgio Moro. É sobre o tipo de governo que vamos ter", opina o próprio Glenn Greenwald. "Ele sofreu ameaças e denúncias após as revelações de Snowden. Mas isso parece diferente, ele disse. É mais pessoal", diz o texto. "Em Snowden, eu era apenas o repórter", disse Greenwald. “Nesse caso, não há uma fonte identificável, então eles me identificaram pessoalmente, como se eu fosse a pessoa que pegou o material", comenta Glenn. “Eu sou um bom alvo. Sou estrangeiro. Eu sou gay. Sou casado com um político socialista”. “Nossa constituição é muito dura na defesa da liberdade de expressão e imprensa”, diz na reportagem Leandro Demori, editor executivo da Intercept Brasil. “Mas as nossas instituições são fortes o suficiente para proteger a constituição? Acho que não. Eu realmente não acho. Estamos com medo", completa.