Eric Zemmour, o “Bolsonaro francês”, é condenado por incitar o ódio

Extremista de ultradireita candidato à presidência atacou menores imigrantes durante um programa de TV e por isso foi parar no banco dos réus. Ele será julgado outra vez na quinta (20) por ter falado bem do marechal Pétain, que colaborou com nazistas

Eric Zammour (France24/Reprodução)
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O polemista ultrarradical de direita Eric Zemmour, apelidado de "Bolsonaro francês", que é candidato à presidência do país europeu nas eleições de abril deste ano, foi condenado nesta segunda-feira (17) por um tribunal de Paris por incitação o ódio.

A condenação de Zemmour veio em forma de multa, no valor de € 10 mil (R$ 67 mil), e diz respeito a um episódio no qual chamou ele chamou menores de idade imigrantes de "ladrões, assassinos e estupradores" durante um programa de televisão, em 2020.

Mas a indigência moral de Zemmour não para por aí. Ele será julgado novamente na quinta-feira (20) por declarações cínicas e falsas sobre o marechal Philippe Pétain, o governante francês que colaborou com os nazistas durante a 2ª Guerra Mundial e facilitou a invasão dos alemães, trabalhando em parceria com o Reich. Zemmour disse no mesmo programa de TV em que insultou imigrantes, mas numa edição transmitida um ano antes, que Pétain "ajudou a salvar muitos judeus franceses", uma notória mentira.

Possível ida ao 2° turno e ameaças à imprensa

Uma pesquisa do Instituto Ipsos encomendada pelo diário parisiense Le Monde e pelo Centro de Pesquisas Políticas CEVIPOF, da prestigiada Sciences Po, mostrou que Éric Zemmour, um apresentador de televisão conhecido por suas polêmicas e posições radicais de direita, estaria hoje, potencialmente, no 2° turno da eleição presidencial da França, enfrentando o atual ocupante do Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron. A disputa está marcada para abril de 2022.

A sondagem mostrou que Zemmour, um fã de Donald Trump e que já respondeu a ações judiciais por propagação de ódio e racismo, ainda sem partido, teria entre 16% e 16,5% das intenções de voto, deixando para trás a tradicional candidata de extrema direita Marine Le Pen, do Rassemblement National, filha do também extremista Jean Marie Le Pen, principal figura do segmento político durante a segunda metade do século XX, que apareceu no levantamento da Ipsos com um índice de 15% a 16%. Na ponta da tabela, manteve-se Macron, atual chefe de Estado e filiado ao partido En Marche!, com taxas de 24% a 28%.

Éric Zemmour foi destaque na imprensa internacional em outubro de 2021 por apontar um fuzil equipado com apetrechos próprios de atiradores de elite para jornalistas que acompanhavam sua visita a uma feira chamada Militol, nos arredores de Paris, que é um dos maiores eventos de segurança e de armas do país.

O novo extremista a cair nas graças do eleitorado conservador francês empunhou o armamento, fez mira contra a imprensa e disse sarcasticamente “ça rigole plus, là” (“agora ninguém mais ri”). A atitude causou furor na sociedade do país europeu, especialmente no meio político, que teme a possibilidade de Zemmour tornar-se uma ameaça à democracia na França.