Como seria o mundo se Cristóvão Colombo não tivesse chegado às Américas?
Historiadores analisam como o mundo teria mudado se a viagem de Colombo nunca tivesse alcançado o Novo Mundo
Em 1492, Cristóvão Colombo partiu da Espanha acreditando que encontraria uma nova rota marítima para a Ásia. Em vez disso, chegou ao Caribe e iniciou uma era de colonização que mudaria o planeta. Mas o que aconteceria se sua viagem tivesse fracassado? Historiadores acreditam que outro europeu teria cruzado o Atlântico pouco tempo depois — e que o mundo moderno, ainda assim, seria profundamente transformado.
Antes dele, os vikings já haviam pisado na América do Norte, mas suas incursões não geraram colônias permanentes. Colombo foi o primeiro a transformar uma expedição isolada em um projeto imperial. Mesmo sem alcançar seu verdadeiro objetivo — chegar ao Oriente —, sua descoberta abriu caminho para a expansão colonial europeia e para o domínio espanhol no Novo Mundo.
Portugal teria chegado primeiro
Para o professor Felipe Fernández-Armesto, da Universidade de Notre Dame, o comércio marítimo já era tão lucrativo no final do século XV que “era apenas uma questão de tempo” até outro explorador alcançar o Hemisfério Ocidental. Portugal, que controlava rotas africanas e ilhas estratégicas como Açores e Madeira, aparece como o principal candidato. O país tinha tecnologia naval e ambição suficientes para avançar antes da Espanha, caso Colombo não tivesse partido.
Outros historiadores, como Geoffrey Symcox, da Universidade da Califórnia, concordam que uma expedição portuguesa seria inevitável. A Coroa lusitana, afirma ele, não teria perdido tempo em buscar novas rotas e riquezas se a tentativa espanhola falhasse. Ainda assim, Fernández-Armesto pondera que a Espanha possuía uma vantagem geográfica decisiva: as Ilhas Canárias, ponto ideal para aproveitar os ventos que impulsionam a travessia para o oeste.
Nesse cenário alternativo, o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o Atlântico entre as duas coroas ibéricas, talvez nunca existisse. As conquistas de Hernán Cortés e Francisco Pizarro, responsáveis pela destruição dos impérios asteca e inca, também teriam seguido outro curso — possivelmente sob bandeira portuguesa.
Douglas Hunter, pesquisador da história das grandes navegações, vai além: se os irmãos Pinzón, capitães da frota de Colombo, tivessem realizado a travessia com sucesso sem ele, talvez o nome “Colômbia” jamais existisse — e até a capital dos Estados Unidos pudesse se chamar “Pinzônia”.
Ainda que os protagonistas mudassem, o desfecho seria trágico para os povos originários. As doenças e a violência impostas pelos europeus dificilmente seriam evitadas. O que talvez mudasse seria a língua dominante das colônias — mais português no Caribe, menos espanhol nas Américas. O resto, dizem os historiadores, continuaria sendo o mesmo: conquista, resistência e sobrevivência.