DITADURA MILITAR

Estudante morto pela ditadura pode entrar para o livro dos heróis do Estado do Rio

Edson Luís foi assassinado por militares ao participar de manifestação estudantil

Enterro do estudante Edson Luis, morto pela polícia militar no Rio de Janeiro em março de 1968.Créditos: Arquivo Nacional, Correio da Manhã
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A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, nesta terça-feira (6), em segunda discussão, a inclusão do nome do estudante Edson Luís de Lima Souto no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio.

A medida está prevista no Projeto de Lei 606/23, de autoria da deputada Dani Monteiro (PSOL). Edson Luís foi assassinado pela polícia durante a ditadura militar em 1968, quando tinha apenas 18 anos. Natural de Belém, no Pará, ele se mudou para o Rio de Janeiro a fim de terminar o segundo grau, atual ensino médio.

O estudante virou símbolo histórico da resistência estudantil contra a repressão política.

“Quero referenciar o quanto Edson foi um herói, pois lutava diretamente pela democracia, pela educação e pelo direito à alimentação. Isso é o que nos motiva a colocar o seu nome no Livro de Heróis”, disse Dani Monteiro.

Invasão

O jovem foi assassinado em março de 1968, após policiais militares invadirem o Restaurante Central dos Estudantes, conhecido como Calabouço, no centro do Rio, onde ocorria uma manifestação estudantil. No mesmo ano de seu assassinato, em dezembro de 1968, a ditadura militar endureceu o regime e decretou o Ato Institucional número 5 (AI-5), que permitiu a cassação de políticos eleitos.

Os deputados Carlos Minc (PSB) e Luiz Paulo (PSD) são coautores do projeto. Os dois estavam na manifestação em que o estudante foi morto.

“Sou testemunha ocular da história deste assassinato praticado pela ditadura. Os estudantes pegaram o corpo dele e trouxeram para onde hoje é a Câmara Municipal e eu estava presente porque, na época, eu também fazia parte do movimento estudantil. Muitos foram os intelectuais que aderiram a esse projeto pelo assassinato de um jovem estudante”, disse Luiz Paulo.

Esse caso levou a uma expansão do movimento estudantil. "Lembro que o pessoal gritava: mataram um estudante. E se fosse um filho seu? Isso pegou na classe média porque, de fato, ele não estava cometendo crime algum e sim almoçando em um restaurante”, contou Carlos Minc.

“O Edson levou um tiro no peito e a polícia tentou tirar o corpo dele e levar embora para fazer a autópsia e esvaziar a manifestação. Os médicos Jamil Haddad e Luiz Tenório fizeram a autópsia no meio da manifestação para que ninguém levasse o corpo embora”, acrescentou Minc.

O texto segue agora para o governador Cláudio Castro, que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar a medida.

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