Quando um nome é eleito pelo Conclave, uma fumaça branca emerge da chaminé da Capela Sistina para anunciar ao mundo a ascensão de um novo Papa.
Até que o processo seja concluído, porém, em todos os dias de votação inconclusiva, uma fumaça preta indica que a escolha ainda não foi feita.
O momento, hoje reconhecido mundialmente como o clímax do Conclave, é uma tradição relativamente recente na longa história da Igreja Católica. A chamada fumata passou a ser usada como símbolo da eleição (ou continuação das votações) apenas no final do século XIX. E o ritual, inicialmente improvisado, foi dando lugar, ao longo do tempo, a um sinal químico mais sofisticado, que é aguardado com ansiedade por fiéis ao redor do mundo.
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A primeira aparição formal da fumata ocorreu em 1878, durante o Conclave que elegeu o Papa Leão XIII. Até então, a comunicação da escolha de um novo líder da Igreja era feita exclusivamente por meio da tradicional proclamação Habemus Papam, pronunciada da sacada central da Basílica de São Pedro, em Roma.
A fumaça surgiu como resposta a uma necessidade prática: a vontade popular de acompanhar os desdobramentos do Conclave — que, historicamente, podia se estender por dias, meses ou até anos, como mostram alguns Conclaves históricos — e a ausência de um meio de comunicação que indicasse os resultados parciais das votações diárias.
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Durante décadas, o sinal visual era produzido com a queima das cédulas utilizadas nas votações. Quando não havia consenso, as cédulas eram incineradas com palha seca ou úmida para gerar uma fumaça escura. Essa prática permaneceu até o final do século XX.
Como mostra o filme Conclave (2025), dirigido por Edward Berger, as cédulas são colocadas no fogo após serem examinadas por um dos cardeais responsáveis. Por muito tempo, essa queima um pouco rudimentar serviu como único sinal ao público reunido na Praça de São Pedro.
Hoje, no entanto, a produção da fumaça é feita com métodos técnicos mais precisos. Para gerar a fumaça branca, são usados compostos como clorato de potássio, lactose e resina de pinho, que produzem uma nuvem espessa e esbranquiçada. Já a fumaça preta pode ser produzida com perclorato de potássio, antraceno e enxofre, combinação que assegura um tom escuro e facilmente distinguível.
Quando a Capela Sistina é inundada pela fumaça branca, a multidão em Roma vibra. Em seguida, cabe ao Protodiácono, o cardeal mais antigo da ordem dos diáconos, proclamar publicamente o nome do novo pontífice.
Hoje, essa função cabe ao cardeal francês Dominique Mamberti, que, por ter mais de 80 anos, não participa do Conclave, mas é o responsável por anunciar ao mundo a chegada de um novo Papa. E ela vai acontecer em breve.