"Traveco, viadinho e piranha": vereadora é alvo de transfobia em plena sessão da Câmara em Niterói

Benny Briolly (PSOL) é autora de Projeto de Lei que garante 2% de cotas para pessoas trans em concursos públicos e discussão contou com violência verbal de bolsonaristas; ela já chegou a sair do país por conta de ameaças

Benny Briolly foi alvo de transfobia em sessão da Câmara de Niterói (Reprodução/Instagram)
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A vereadora Benny Briolly (PSOL), de Niterói (RJ), foi alvo de um novo ataque transfóbico promovido por bolsonaristas em plena sessão na Câmara da cidade, nesta quarta-feira (17).

Benny, que foi a 5ª vereadora mais votada da cidade na eleição de 2018, é autora de um Projeto de Lei (PL) que prevê 2% de cotas para pessoas trans em concursos públicos municipais. A matéria seria votada nesta quarta-feira (17), mas bolsonaristas que estavam presentes no plenário, incentivados pelo vereador Douglas Gomes (PTC-RJ), tumultuaram a sessão.

Segundo o Jornal Empoderado, os ataques transfóbicos aconteceram quando Benny discursava sobre o Brasil ser responsável por 41% de todos os assassinatos de pessoas trans no mundo.

"Durante minha fala , quando apresentava dados sobre a transfobia brasileira, os gritos e xingamentos dos bolsonaristas me interrompiam . Fui chamada de 'traveco', 'viadinho' e 'piranha'. Foi muito violento!", relatou a vereadora ao Empoderado.

Através das redes sociais, Benny descreveu como foi a sessão. "Nosso PL que garante 2% de cotas para pessoas trans em concurso públicos municipais seria votado. O vereador bolsonarista levou sua base e além de muito discurso de ódio chegou a dar voz de prisão para uma irmã travesti que ocupava a galeria junto do movimento LGBTIA+. Durante minha fala quando apresentava dados sobre a transfobia no Brasil, bolsonarista me interrompiam aos gritos e xingamentos. Mas nós movimento LGBTIA+ reagimos mostrando nossa força e afirmando que o fascismo e a transfobia não irão prevalece", escreveu.

A mulher trans citada por Benny é Colle, articuladora da Casa Nem, que também estava no plenário, junto com outras ativistas, para pressionar os vereadores pela aprovação do projeto de lei.

“O vereador Douglas com muitas falas infelizes, transfóbicas e fascistas me deu voz de prisão depois de eu expor o fascimo dele. Uma voz de prisão de um homem branco cisgenero dentro de um lugar onde lutamos por democracia, mas sabemos de quem é a voz que mais fala e que manda. Me senti oprimida!", disse Colle ao Jornal Empoderado.

Por questões regimentais, a sessão foi interrompida e o PL voltado às pessoas trans será novamente discutido nesta quinta-feira (18).

Ameaças fizeram vereadora sair do país

Em maio deste ano, Benny Briolly se viu obrigada a deixar o país por questões de segurança. Ela vinha, constantemente, sendo ameaçada e atacada por bolsonaristas na Câmara Municipal, por meio de atos que caracterizam transfobia.

“A vereadora Benny Briolly precisou sair temporariamente do país por conta de ameaças a sua integridade física. Não é de hoje que parlamentares negras, travestis, mulheres, LGBTQIA + e defensoras dos direitos humanos sofrem com a violência política dentro e fora dos espaços legislativos e de tomadas de decisões. Essa prática é fruto da estrutura patriarcal e racista que desumaniza nossos corpos e teme o avanço do nosso projeto político de transformação da sociedade", escreveu a equipe da vereadora em nota à época.

Tentativa de agressão

Em março de 2021, Benny denunciou uma tentativa de agressão física por parte do vereador bolsonarista Douglas Gomes (PTC-RJ). O caso ocorreu no plenário da Câmara Municipal de Niterói.

“Hoje fui agredida com transfobia, racismo e quase fisicamente pelo vereador fascista Douglas Gomes, que foi seguro pelos meus companheiros de bancada para que não me encostasse. Foi horrível e doloroso!”, escreveu Benny, em sua rede social.

A vereadora discursava na sessão, quando Gomes foi ao microfone a chamou de “vagabundo, moleque, seu merda e mentiroso”, e ainda teria tentado agredi-la fisicamente. Colegas de bancada de Benny, então, precisaram intervir para impedir a agressão e a sessão foi encerrada.

“Chorei, senti medo, senti a dor de ser mulher negra e trans na política, mas não recuei. Companheiras me ajudem porque eu não posso andar só!”, desabafou Benny, na oportunidade.