Direitos LGBT: Pesquisa mapeia mais de 300 conquistas em todos os continentes ao longo de 2021

Apesar da ascensão de líderes e governos declaradamente LGBTfóbicos, o levantamento revela um embate entre fundamentalistas, movimentos sociais e setores do judiciário

Foto: Getty Images
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Pesquisa realizada pela Articulação Brasileira Não Binária e pelo coletivo RExistência não binária aponta para mais de 300 conquistas legais e culturais da população LGBT em todos os continentes.

O estudo revela um cenário paradoxal, onde ao mesmo tempo em que governos declaradamente LGBTfóbicos ascenderam ao poder, setores do judiciário, dos movimentos sociais e das artes não retrocederam diante da violência estatal perpetrada por tais regimes.

Diante disso, mesmo em países como a Polônia, que possui atualmente um governo fundamentalista e que criminalizou as vidas LGBT, tendo de desmantelar algumas "Zonas Livres da ideologia LGBT" por conta de pressão feita pelas Nações Unidas.

Cabe destacar que o estudo focou em conquistas, dessa forma, os dados sobre a violência contra as LGBT ficaram de fora, pois, já são computados por outras instituições.

Entre as centenas de conquistas legais e culturais, destaque para: a obrigatoriedade de candidaturas LGBT no México; Israel retira a transexualidade do hall de "transtorno mental"; Angola descriminaliza pessoas LGBT; na Jamaica, o Tribunal de Direitos Humanos iniciou as discussões para revogar a criminalização da homossexualidade etc.

Fundamentalismo religioso: o entrave

À Fórum, o historiador Valentin Petrovsky, que coordenou a pesquisa, afirma que, a partir do estudo eles puderam observar que o fundamentalismo religioso é sempre um entrave para o avanço dos direitos LGBT.

"O entrave às conquistas e a promoção da violência as vidas LGBTs, sempre partem de autoridades religiosas fundamentalistas que usam várias estratégias discursivas e o poder que possuem na sociedade para praticarem pânicos morais, estratégia essa adotada pela extrema direita internacional e nacional (brasileira), que buscou se consolidar em vários países nos últimos anos", analisa Petrovsky.

Outro fator, segundo Petrovsky, é a reação da extrema direita diante do avanço dos direitos LGBT.

"A violência contra as pessoas LGBTQIA+ permanece porque as diversas conquistas globais e locais tem despertado a fúria (backlash) de conservadores e grupos supremacistas, que acreditam que estão perdendo alguma coisa. Segundo o discurso, perdem a família tradicional, a tradição e seus costumes (valores religiosos racistas, misóginos, homofóbicos etc.), a civilização etc.", disse.

A partir de agora, a Articulação Brasileira Não Binária tem por objetivo realizar a pesquisa anualmente. A ideia, segundo Petrovsky, é a consolidação de um monitor global sobre as questões em torno da comunidade LGBT.

Abaixo, você pode conferir o relatório na íntegra.

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