A Câmara Municipal de Goiânia impediu a realização da audiência pública “Cuidar com Respeito – Saúde de Crianças e Adolescentes Trans” nesta quarta-feira (7). A atividade havia sido aprovada pelos vereadores por 11 votos a 9, mas foi cancelada após um requerimento do líder do governo, vereador Igor Franco (MDB).
O texto de convocação da audiência pontuava que o objetivo era garantir um espaço para assegurar “dignidade, respeito e direitos a jovens trans e suas famílias”, fortalecendo uma rede de apoio e proteção.
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"Em um cenário marcado pela desinformação e ataques aos direitos humanos, esta audiência se configura como um ato de resistência e compromisso com a vida, reforçando a importância de cuidar com respeito e assegurar acesso à saúde integral para crianças e adolescentes trans", dizia ainda o texto.
Crianças e adolescentes trans e políticas públicas
Depois da aprovação por votação simbólica do requerimento que proibiu a audiência, somente quatro vereadores foram contrários à proibição: Fabrício Rosa (PT), Edward Madureira (PT), Aava Santiago (PSDB) e Rose Cruvinel (UB).
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A vereadora Aava Santiago destacou que os parlamentares que se manifestaram contra a audiência pública são os mesmos que, segundo ela, não se importam com fechamento de uma CMEI [Centro Municipal de Educação Infantil, instituição de ensino pública para crianças de 0 a 5 anos] na cidade, evidenciando "a hipocrisia dos ditos 'defensores das crianças'”.
Em sua fala na Câmara, o vereador Fabrício Rosa (PT), autor da proposta de realização da audiência pública, defendeu a necessidade da atividade, que foi um pedido das mães e pais de crianças e adolescentes trans de Goiânia.
“As mesmas pessoas que tentam impedir que o assunto seja discutido são aquelas que incentivam diariamente a violência contra a comunidade LGBTQIA+. Impedir a audiência pública é tentar fingir que essas pessoas não existem, mas as crianças e adolescentes trans existem, precisam ser notados e assistidos pelas políticas públicas de nossa cidade”, declarou Fabrício Rosa, que lançou recentemente uma cartilha sobre direitos da população trans.
A equipe do mandato do vereador lembra que o Brasil lidera, há 17 anos consecutivos, o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans. Apenas no ano de 2024, foram 122 mortes, com a vítima mais jovem tendo 15 anos.
Audiência na praça e MBL
Após a proibição, a audiência aconteceu na noite desta quarta na Praça do Trabalhador, em frente à Câmara.
Durante o evento, houve uma tentativa de perturbação por parte de uma pessoa que foi identificada como integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) pelos presentes. Apesar da confusão inicial, a pessoa foi retirada sem maiores incidentes.