Ator agredido por motorista de ônibus em São Paulo denuncia homofobia

De acordo com Marcello Santanna, o motorista parou o veículo e disse para ele sair após ver o jovem beijando outro rapaz; em seguida, desceu e deu socos no seu rosto

O ator Marcello Santanna após a agressão - Foto: Reprodução/Facebook
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O ator Marcello Santanna, de 23 anos, postou um texto em sua página no Facebook para relatar agressão que sofreu de um motorista de ônibus, na Zona Leste de São Paulo. Ele denunciou que foi vítima de homofobia. De acordo com Santanna, o motorista parou o ônibus e disse para ele descer após ver o ator beijando outro rapaz. Em seguida, o motorista desceu e deu um soco no seu rosto.

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“Me recusei a descer, disse que tinha pago e perguntei qual seria o motivo pra gente sair. Ele, então, levantou, e na mesma hora resolvi não criar uma discussão e me despedi desse rapaz e da minha prima”, declarou.

“Ao descer, levantei as mãos e disse ‘tá tudo bem, eu vou embora’. Ele já veio nos socos, sem ao menos eu nem ter tempo pra terminar de falar. O rapaz e minha prima desceram pra me socorrer, o motorista entrou na lotação e foi embora”, acrescentou.

Depois disso, passou outro ônibus da mesma linha. O motorista o levou até a delegacia, onde o ator fez boletim de ocorrência. O crime foi registrado como lesão corporal, apesar da vítima relatar homofobia. A SPTrans, que administra o sistema de transporte público de São Paulo, divulgou uma nota sobre o caso. “Como gestora do sistema de transporte público, a SPTrans realiza junto às empresas operadoras o programa Viagem Segura, com treinamentos que incluem itens como condução segura, respeito aos passageiros, idosos e pessoas com mobilidade reduzida além de conduta durante casos de abuso. Em 2018, o programa treinou 62.739 trabalhadores entre motoristas, cobradores e fiscais”, diz a mensagem. Veja abaixo a íntegra do texto publicado por Marcello Santanna: “Estava voltando de um rolê, e fui agredido por um motorista de ônibus pelo simples fato de estar com um rapaz. Ele estava cuidando de mim, que meu nariz tinha começado a sangrar e depois demos alguns selinhos. O motorista, então, parou a lotação e aos gritos pediu pra que saíssemos da lotação. Me recusei, disse que tinha pago e perguntei qual seria o motivo pra gente sair. Ele, então, levantou e na mesma hora resolvi não criar uma discussão e me despedi desse rapaz e da minha prima. Ao descer, levantei as mãos e disse ‘tá tudo bem, eu vou embora’, ele já veio nos socos, sem ao menos em nem ter tempo pra terminar de falar. O rapaz e minha prima desceram pra me socorrer, o motorista entrou na lotação e foi embora. Estava esperando um momento bonito pra dividir com todos minha orientação sexual. Porém, devido ao fato achei necessário compartilhar e não esperar mais. Estou super bem resolvido com minha escolha, e tenho, graças a Deus, o amor incondicional dos meus familiares. Se aceitar é um processo difícil, mas viver certo disso que é pior ainda. As pessoas nos julgam por andar de mãos dadas, trocar carícias em público ou pelo simples fato de querer direitos iguais como todo mundo. A homofobia nunca foi um assunto a ser abordado apenas como mimimi. Como eu, muitos LGBT já se sentiram agredidos de alguma forma, mas a agressão física chega a ser a mais incompreensível. O que faz uma pessoa agredir a outra por causa da escolha de vida dela? Por quê agredir um ser pelo fato dele amar outra pessoa do mesmo sexo? Nós precisamos nos conscientizar, abrir a mente, compreender. A sociedade precisa PARAR de alimentar ódio gratuito ao outro! Precisamos ser livres para viver como e com quem queremos. Espalhe o amor! É isso que vai mudar esse mundo. Sei que as imagens são fortes, mas notícias assim precisam ser compartilhadas para mostrar o quanto a luta pela comunidade lgbt é necessária! Não pense que não existe homofobia, porque existe sim e aos muitos! Somos o país que mais mata LGBT e esse fato só me faz pensar em uma coisa: eu to aqui vivo pra contar, e quantos outros que não puderam ter a chance de contar? ATÉ QUANDO NOTÍCIA ASSIM VAMOS PRECISAR CONTAR? Violência não leva a lugar nenhum, seja no racismo, no casal, na mulher, em nenhuma situação. Já fui ao hospital, farei cirurgia nos próximos dias porque o nariz está quebrado. Já recorri aos meus direitos, porque como todo cidadão pago minhas contas, e tenho respaldo da lei. HOMOFOBIA É CRIME! Não se omita, DENUNCIE! Agradeço aos familiares e amigos por estarem comigo nesse momento, o apoio de vocês é essencial”.

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