Família recorre às redes para comprar remédios para a jovem lésbica violentada em 2019

A jovem de 18 anos Thaylanne Costa Santos teve 14 dentes arrancados, maxilar quebrado e corte profundo na nuca após ter sido cercada por agressores enquanto voltava de uma festa

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A jovem lésbica Thaylanne Costa Santos, de 18 anos, foi gravemente violentada em 2019, enquanto voltava de bicicleta após uma festa, na cidade de Formosa (GO). Ela havia sido abordada por três homens que a cercaram e utilizaram um facão, uma barra de concreto e um pedaço de pau para agredi-la na cabeça. Sob os gritos de "Sapatão dos infernos" e ameaças de morte, a menina perdeu 14 dentes, teve o maxilar quebrado e um corte profundo em sua nuca.

Em entrevista para ao portal UOL, a mãe da menina, Luciana Costa, de 39 anos, contou como as agressões se desenrolaram no dia da abordagem. "Primeiro começaram a chamá-la de sapatão dos infernos, sapatão tem tudo que morrer. Aí eles agrediram com pauladas, facão e uma barra de concreto, tudo na cabeça", relatou.

Thaylanne foi encontrada desacordada sob uma poça de lama, horas depois da agressão. As lesões corporais foram tão sérias que a jovem precisou ser resgatada por um helicóptero do Corpo de Bombeiros e, em seguida, encaminhada para um hospital em Goiânia.

Após uma série de procedimentos médicos, Thaylanne ainda permaneceu internada por dois meses, foi vítima de traumatismo craniano e hemorragia cerebral. O maxilar, gravemente ferido durante o ataque, teve de passar por um processo de reconstrução com platina, e ela ainda aguarda o implante dos 14 dentes que perdeu, além da restauração dos ossos que quebraram ou afundaram. A jovem também sofreu a perda de parte da audição no ouvido esquerdo.

Com diversas sequelas neurológicas, como dificuldade na fala, transtornos psiquiátricos e coordenação motora lenta, Thaylanne ainda está sendo medicada com 5 remédios controlados, dos quais apenas 2 são fornecidos pelo SUS. Os outros três são financiados pela própria mãe da garota, que desembolsa R$400 pelos medicamentos.

"O SUS [Sistema Único de Saúde] fornece dois, mas três eu preciso comprar. São R$ 400 por mês: um para dormir, outro para evitar convulsão e um à base de morfina para as dores nos dentes e na cabeça", conta Luciana.

Mãe e filha enfrentam dificuldades financeiras atualmente. Luciana, que cuidava de idosos antes do acidente, está desempregada. O aluguel da casa onde vivem está em atraso há quatro meses e a alimentação de ambas é fornecida por amigos, parentes e pela igreja.

Como forma de buscar auxílio nos gastos médicos de Thaylanne, a família iniciou uma campanha de arrecadação online, onde as pessoas podem contribuir com quantias financeiras que irão ajudar na compra dos remédios da menina. A vaquinha foi, inclusive, divulgada pela deputada do PSOL, Talíria Petrone, que classificou o caso da jovem como "um caso bárbaro de lesbofobia e ódio".

https://twitter.com/taliriapetrone/status/1300474272851394560

É possível acessar a vaquinha online para fazer doações aqui.

Justiça

Após um ano desde a ocorrência do ataque homofóbico, Thaylanne ainda aguarda um parecer da Justiça sobre o caso de homofobia, e nenhum dos suspeitos identificados pela jovem vítima de lesbofobia está preso. De acordo com Luciana, um dos sujeitos chegou a ser apreendido dia depois do ataque, mas foi liberado por não ter sido pego em flagrante e falta de provas que o incriminassem.