Jovem sofre transfobia ao perguntar por banheiro em restaurante de Santos: "Você não pode, é homem"

Julie Correia Araujo abriu um Boletim de Ocorrência depois de ser constrangida por um funcionário e pelo gerente da Surf Dog Lanchonete, no litoral de São Paulo

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Google
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Julie Correia Araujo, de 28 anos, denunciou uma lanchonete de Santos, no litoral de São Paulo, após sofrer transfobia ao perguntar sobre o banheiro feminino do local. Em entrevista à Revista Fórum, a jovem contou que tanto o funcionário quanto o gerente do local afirmaram que ela não poderia usar o sanitário por "ser homem".

Julie estava na praia com os primos e alguns amigos e o grupo decidiu ir ao restaurante Surf Dog Lanchonete, na Av. Conselheiro Nébias, para almoçar. Assim que terminaram de comer e estavam pagando a conta, a jovem quis ir ao banheiro.

"Fui em direção a um funcionário que estava na copa que era na frente do banheiro masculino. Olhei para o moço e perguntei onde era o banheiro feminino e ele respondeu: 'Você não pode usar porque você é homem'", relata.

Irritada, a cabeleireira e nutricionista xingou-o de "babaca" e "ridículo" e pediu para falar com o gerente, que reiterou a declaração preconceituosa do funcionário. "Perguntei: 'Que história é essa que eu não posso usar o banheiro feminino?' E aí ele falou: 'Porque você é homem, é proibido você usar o banheiro feminino'. Xinguei ele também de idiota e falei: 'Você que define o que eu sou ou deixo de ser?'", desabafa.

Uma cliente que estava no restaurante se solidarizou e apoiou que Julie usasse o banheiro. No fim, ela abordou um terceiro funcionário, que indicou onde era o sanitário e, finalmente, a nutricionista conseguiu utilizá-lo.

Transfobia é crime

A jovem abriu um Boletim de Ocorrência no 7º Distrito Policial de Santos por injúria. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 8 votos a 3, permitir a criminalização da homofobia e da transfobia. Os ministros consideraram que atos preconceituosos contra pessoas LGBTQIAP+ devem ser enquadrados no crime de racismo.

À Fórum, Julie contou que a repercussão foi enorme e que recebeu muito apoio pelas redes sociais, onde denunciou o caso. O restaurante, no entanto, não entrou em contato com ela.

"Nada do que eu fiz foi esperando que tomasse tamanha proporção, mas várias pessoas se interessaram e quiseram abordar o tema. Tenho recebido bastante solidariedade, muitas mensagens positivas de força e apoio para levar o caso para a frente", diz.