Anistia Internacional cobra investigação do assassinato de família ambientalista no PA

Zé do Lago, sua esposa Márcia e a filha Joene foram executados a tiros; todos desenvolviam atividades de proteção ambiental

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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A Anistia Internacional Brasil divulgou, nesta terça-feira (11), uma nota, na qual manifesta indignação pelo assassinato de uma família de ambientalistas no Pará. Os integrantes eram muito conhecidos em São Félix do Xingu, no Sul do estado, por atividades de proteção ambiental.

Os familiares foram encontrados mortos nesta segunda (10). Segundo a Polícia Civil, que investiga o triplo assassinato, o crime pode ter ocorrido há cerca de quatro dias pelo estado de decomposição dos corpos.

De acordo com o site Dol Carajás, a família era composta pelo pai, conhecido como Zé do Lago, sua esposa Márcia e a filha Joene, que é menor de idade. Os três foram executados a tiros.

O corpo de Márcia foi encontrado boiando às margens do Rio Xingu, enquanto que os corpos do pai e da filha foram localizados próximos à casa da família. Eles viviam no local conhecido como cachoeira da “Mucura”, distante a cerca de 90 quilômetros da cidade de São Félix do Xingu. 

Segundo a reportagem, Zé do Lago e esposa moravam há mais de 20 anos na região, onde desenvolviam um projeto ambiental de repovoamento das águas com filhotes de tartarugas. Todos os anos, o pai soltava espécies de répteis nas águas do Rio Xingu.

Leia a íntegra da nota da Anistia Internacional Brasil:

A Anistia Internacional Brasil vem a público manifestar indignação com o assassinato de uma família de ambientalistas no município de São Félix do Xingu, na região sudeste do estado do Pará. Conhecidos na região pela realização de atividades de proteção ambiental relacionadas à criação e à soltura de filhotes de tartaruga nas margens do Rio Xingu, Zé do Lago, Márcia e Joane -- pai, mãe e filha -- foram encontrados mortos, já em estado de decomposição, por outro filho do casal.

O direito ao meio ambiente limpo, saudável e sustentável é um direito humano recentemente reconhecido pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU. As ameaças, agressões e assassinatos de defensores e defensoras deste direito, intimamente relacionado às lutas por justiça ambiental e climática e às resistências dos povos do campo, das florestas e das águas, não constituem casos isolados. De acordo com a organização Global Witness, o Brasil é o quarto país que mais mata pessoas engajadas em causas ambientais, a maior parte delas vitimada na Amazônia. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou que, em 2021, 26 pessoas foram mortas em contexto de conflitos no campo no país.

É importante ressaltar que os discursos e as práticas das autoridades públicas, quando culpabilizam, criminalizam e perseguem defensores de direitos humanos, ambientalistas, lideranças indígenas e comunidades que se organizam em defesa do meio ambiente e de seus territórios, fomentam ataques como os assassinatos ocorridos em São Félix do Xingu. O ambiente hostil para a defesa dos direitos humanos é estimulado por uma política antiambiental e antidireitos humanos.

A Anistia Internacional cobrará e estará atenta às investigações que têm o dever de elucidar as circunstâncias dos assassinatos de Zé do Lago, Márcia e Joene. Os responsáveis pelos crimes devem ser identificados e responsabilizados de maneira célere e efetiva. O Estado brasileiro possui a obrigação de agir para conter a onda de violência e o ciclo de impunidade que se perpetuam na região amazônica e em todo o território nacional.