AMAZÔNIA

Um mês após morte de Bruno e Dom, garimpeiros armados invadem sede da Funai no Vale do Javari

Segundo a Univaja, as denúncias foram encaminhadas às autoridades, mas nada foi feito; também relatam que as ameaças e invasões pioraram após a morte de Pereira e Phillips

Um mês após morte de Bruno e Dom, garimpeiros armados invadem sede da Funai no Vale do Javari.Créditos: Univaja
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Um mês após o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, homens armados voltam a ameaçar funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), no Vale do Javari. 

Segundo comunicado emitido pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), "no dia 17/02/22, às 17h, dois homens armados foram à Base de Proteção Etnoambiental (BAPE) da Funai, localizada no rio Jandiatuba. Os homens armados perguntaram quanto funcionários (dentre ele, indígenas do povo Matis) estavam trabalhando naquela Base, com clara intenção de assediar os servidores". 

Ainda de acordo com a Univaja, "entre os dias 24/02/22 e 18/03/22, uma equipe da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE/FUNAI) Vale do Javari fez uma atividade de vigilância e monitoramento no rio Jandiatuba. Em relatório, a equipe registrou a presença de 19 balsas de garimpo em atividade, com movimentação logística saindo do município de São Paulo de Olivença (AM), e pontos de retirada de madeira para a construção das balsas próximos da localidade dos indígenas isolados. As pessoas que operam as balsas de garimpo no rio Jandiatuba portavam armas de fogo (calibres 16 e 12). O relatório da FUNAI plotou 14 coordenadas de GPS mapeando as tividades de garimpo ilegal no rio Jandiatuba". 

No documento da Univaja, a partir das coordenadas de GPS coletadas em campo, é revelada "a presença concomitante de atividades de garimpo ilegal e os registros confirmados de grupos indígenas isolados no rio Jandiatuba. Apesar das informações técnicas terem sido encaminhadas pela FUNAI e Univaja às autoridades, nenhuma providência foi tomada até o momento". 

"Nesse contexto de insegurança, após mais de um mês do assassinato de Bruno Pereira e Dominic Phillips, a  Univaja vem alertar que nenhuma providência concreta foi tomada para uma atuação ativa e preventiva  do Estado Brasileiro através de suas instituições competentes em relação à segurança das pessoas  (indígenas e não-indígenas) no Vale do Javari", denuncia o documento da Univaja”, diz o comunicado da instituição. 

Por fim, a Univaja afirma que, mesmo com a repercussão internacional do assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips as ameaças e invasões no Vala do Javari ocorrem de "maneira intensa" e que, até este momento nenhum plano de combate às atividades ilegais na região foi apresentado pelas autoridades federal e estadual. 

 

Diante da situação de alta periculosidade, a Univaja reivindica as seguintes ações: 

 

1) a criação de um Plano Emergencial de Proteção para o Vale do Javari. 

2) a atuação conjunta da Polícia Federal, do Exército e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) por, no mínimo, 06 meses com a FUNAI nas Bases de Proteção  Etnoambiental (BAPEs) localizadas nos rios Ituí, Curuçá, Quixito e Jandiatuba.

Ao governo do estado do Amazonas, o grupo reivindica: 

A atuação do Batalhão de Polícia Militar Ambiental por, no mínimo, 06 meses no trecho do rio Itaquaí 
– Entre a cidade de Atalaia do Norte (AM) e a Terra Indígena Vale do Javari – para combater os crimes ambientais. Parte dos ilícitos ambientais saem da terra indígena através desse trecho, onde Bruno e Dom foram assassinados no início de junho deste ano.