De acordo com informações atualizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), o Cerrado bateu o recorde de desmatamento dos últimos cinco anos no período de janeiro a abril. Ao todo, 2133 quilômetros quadrados do bioma já foram desmatados em 2023.
Só em abril, cujo levantamento ainda não contabilizou os últimos 3 dias do mês, foram 709 quilômetros quadrados de desmatamento, ou um terço da área total registrada pelo sistema Deter do Inpe, o que equivale a duas vezes o tamanho da cidade de Belém, capital do Pará.
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O Estado que apresentou a maior destruição foi a Bahia, com um total de 757 quilômetros quadrados de desmatamento. Em seguida vieram Maranhão e Tocantins. Ao que tudo indica, os números de abril acentuam o que já vinha ocorrendo entre janeiro e março.
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O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, só atrás da Amazônia em dimensão territorial. Originalmente cobria uma enorme porção do Centro oeste do país, entrando em trechos do Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil. No começo de abril, o Inpe já havia registrado recordes de desmatamento no bioma e atribuído os números à expansão das fronteiras do agronegócio na região conhecida como Matopiba, que engloba os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Tarsila Trindade, analista do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) explicou ao site O Eco, na ocasião da divulgação dos números do primeiro trimestre de 2023, a razão pela qual a recente escalada de desmatamento causa preocupação.
“Normalmente temos uma baixa detecção de alertas na época chuvosa devido à alta cobertura de nuvens, e também devido ao próprio calendário agrícola. Por isso, esse aumento significativo de desmatamento no primeiro trimestre em relação aos últimos dois anos é bastante preocupante”, afirmou no começo de abril.
Segundo o Ipam, a região compreendida como Matopiba concentrou 64% do desmatamento do Cerrado no primeiro trimestre, em especial no oeste baiano, onde a fronteira agrícola tende a se expandir. Com os novos números, que apontam uma escalada no desmatamento ao longo do mês de abril, as mudanças aparentemente seguem o padrão.
“Essa expansão está ocorrendo em zonas de alta importância para a manutenção da conectividade entre as áreas protegidas da região, e também dentro de territórios tradicionais, fomentando diversos conflitos sociais na região”, explicou Trindade.
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Em compensação, na Amazônia o desmatamento caiu - apesar de continuar sendo alarmante. Entre janeiro e abril deste ano foram registrados 1132 quilômetros quadrados contra 1968 no último ano, em período correspondente. Pará, Amazonas e Mato Grosso foram os estados que mais desmataram o bioma em 2023.