De Baku - Azerbaijão -- A ativista sueca Greta Thunberg, de 21 anos de idade, está boicotando a COP29 alegando, dentre outros motivos, que o Azerbaijão fornece 40% do petróleo utilizado anualmente pela máquina de guerra de Israel.
Ela também escreveu um artigo denunciando o governo em Baku por crimes de guerra supostamente cometidos contra o povo da vizinha Armênia, em setembro de 2023.
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Greta fez as denúncias desde outro país da região que está em crise, a Geórgia. Lá, a ativista participou de manifestações denunciando fraude nas eleições que deram vitória ao partido governista pró-Rússia, o Georgia Dream.
A ativista sueca pretende visitar a Armênia, que perdeu a disputa militar com o Azerbaijão no ano passado, levando a êxodo em massa de armênios de Nagorno-Karabakh/Artsakh.
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Greta defende um boicote internacional contra o governo que promove a COP.
"Precisamos exercer pressão internacional sobre os países para que sancionem o Azerbaijão e parem a importação de combustíveis, não só por razões climáticas, mas também por razões de direitos humanos. Existe uma hipocrisia extrema no resto do mundo. A União Europeia ainda importa [gás e petróleo] do Azerbaijão, enquanto finge defender os direitos humanos", disse ela.
Greta também lembrou o apoio do governo em Baku ao genocídio em Gaza:
Não devemos esquecer que o Azerbaijão é absolutamente fundamental para a máquina de guerra israelense e que também é cúmplice do genocídio na Palestina e dos crimes de guerra no Líbano. O Azerbaijão exporta 40 por cento do consumo anual de petróleo de Israel.
Greta Thunberg afirmou que a relação entre Baku e Tel Aviv é mutuamente benéfica, uma vez que Israel teria fornecido as armas para a bem sucedida ofensiva do Azerbaijão contra a Armênia.
Ilham Aliyev, o presidente do Azerbaijão, herdou o poder do pai. Ele governa desde 2003. O Azerbaijão é um ex-república da extinta União Soviética.
Artigo no Guardian
Thunberg publicou um artigo no diário britânico Guardian denunciando as conferências do clima promovidas pelas Nações Unidas:
São "conferências de lavagem verde" que legitimam o fracasso dos países em garantir um mundo e um futuro habitáveis e também permitiram que regimes autoritários, como os do Azerbaijão e de dois anfitriões anteriores – os Emirados Árabes Unidos e o Egito – continuassem a violar os direitos humanos.
A sueca, que tem um grande número de seguidores nas redes sociais, acusa o regime em Baku de ter cometido crimes contra a Humanidade contra os armênios.
O Azerbaijão planeja fazer uma 'lavagem verde' nos seus crimes contra os armênios através da construção de uma Zona de Energia Verde em territórios onde foi feita limpeza étnica contra a população local.
A transição verde
De fato, o Azerbaijão tem planos para aumentar sua produção de petróleo e gás no médio prazo, especialmente para atender demanda da União Europeia.
Ao mesmo tempo, está se promovendo nesta COP29 como um dos líderes da "transição verde", ao lado de outros produtores de petróleo como o Catar e os Emirados Árabes Unidos.
Greta Thunberg está descrente de medidas tomadas por autoridades para controlar a crise climática.
Ela já foi presa diversas vezes nos últimos meses, em manifestações em Londres, Copenhague e Haia.
Depois que passou a usar o lenço símbolo dos palestinos, o keffiyeh, passou a ser detonada na mídia pró-Israel, como se fosse "muito radical" ou tivesse perdido o juízo.
No Guardian, ela escreveu:
Enquanto as crises humanitárias se desenrolam na Palestina, no Iêmen, no Afeganistão, no Sudão, no Congo, no Curdistão, no Líbano, no Baluchistão, na Ucrânia, em Nagorno-Karabakh/Artsakh e muitos outros locais, a Humanidade ultrapassa o limite de 1,5ºC para as emissões de gases de efeito estufa, sem sinal de redução real à vista.